Na mesma proporção em que a Tunísia apresenta uma imagem negativa em matéria de direitos humanos, ela também goza de uma boa reputação no campo econômico. O “país do Jasmim” - onde o presidente Nicolas Sarkozy fará uma visita oficial de 28 a 30 de abril - é considerado como um Estado modelar pelas instituições multilaterais e pelo Ocidente: ele honra as suas dívidas e vem se mostrando estável, ou seja, o seu comportamento tranqüiliza. Embora ela não disponha das mesmas fabulosas reservas em hidrocarbonetos que os seus vizinhos, a Tunísia desponta em parte como um modelo entre os países da Bacia Mediterrânea. Um país limpo, dotado de infra-estruturas, educado, onde os direitos das mulheres são os mais avançados no mundo árabe-muçulmano. A Tunísia é também um dos destinos prediletos dos franceses. Todos os anos, 1.350.000 deles nela costumam passar as suas férias, a um custo razoável e em segurança. Não há favelas (em francês, bidonvilles), e sim apenas algumas “gourbivilles” (o “gourbi” é uma habitação rudimentar típica dos países do norte da África) em decorrência do êxodo rural, mas não há nenhuma miséria gritante.
Diante da impossibilidade de fazer comércio com os seus vizinhos (a União do Magreb - nome que engloba os países da África do Norte - árabe não consegue decolar), a Tunísia se voltou para a União Européia, no quadro, entre outros, do acordo de associação que desembocou, em janeiro de 2008, na implantação do livre comércio dos bens industriais. “Nós temos a cultura da exportação nos nossos genes desde a Cartago fenícia”, lembram os tunisianos, sorrindo. Os dois principais motores da economia são as exportações e o consumo das famílias. As primeiras são estimuladas pelos investimentos estrangeiros, no quadro do regime conhecido como de “offshore” (espécie de zona franca) para os produtos cuja fabricação é terceirizada (os elementos que entram na fabricação desses produtos e as exportações são livres de direitos e taxas). Este setor fornece empregos pouco remunerados. O consumo é incentivado pelos créditos, cujo montante total duplicou desde 2004, o que tem como conseqüência um pesado endividamento das famílias.
Companhias francesas são as principais empregadoras estrangeiras
A França continua sendo o maior cliente da Tunísia e o seu principal fornecedor, apesar de diminuição da sua parte de mercado. E a Tunísia é o 23º parceiro da França, na frente do Marrocos e da Argélia.
Em 2007, o valor global das transações comerciais entre os dois países alcançou um nível recorde de cerca de 7 bilhões de euros (cerca de R$ 19 bilhões), o que representa um aumento de 14% em relação a 2006, em benefício da Tunísia, pelo terceiro ano consecutivo. A França comprou da Tunísia produtos no valor de 3,8 bilhões de euros (cerca de R$ 10,5 bilhões), mas as suas vendas não ultrapassaram 3,2 bilhões de euros (cerca de R$ 8,5 bilhões). A França se classifica em quarto lugar no ranking dos países que investem na Tunísia (depois da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos e da Itália, que investem principalmente no setor energético). O número das companhias francesas que operam na Tunísia é duas vezes maior do que no Marrocos, e três vezes maior do que na Argélia. No total, a França permitiu a criação de mais de 100.000 empregos diretos, o que a coloca no primeiro lugar entre os empregadores estrangeiros na Tunísia, segundo dados da Missão Econômica francesa em Túnis.
Aumentos dos preços
A classe média tunisiana costuma ser considerada como o fator chave do crescimento. Contudo, os detratores do presidente Ben Ali, que está no poder desde 1987, garantem já faz muitos anos que “a classe média vem passando por um processo de erosão”. “Isso não é verdade”, responde o ministro do desenvolvimento e do investimento exterior, Mohamed Nouiri Jouini, para quem, ao contrário, ela não pára de crescer e engloba atualmente 80% da população ativa.
Para quem entende como pertencentes à “classe média” pessoas que têm moradia própria, a estimativa é efetivamente de que mais de 80% da população pertence a esta categoria. Mas, se levarmos em conta a renda e o poder aquisitivo, as dúvidas começam a surgir. “A classe média está encolhendo, mas de maneira imperceptível. Este processo não aparece claramente por duas razões: cada vez mais os tunisianos tendem a multiplicar os pequenos empregos, ainda que isso lhes custe jornadas de condenados, e, além disso, eles vivem a crédito”, sublinha Hacine Dimassi, um professor de economia na universidade de Sousse. Para ele, a classe média está “laminada” não pelo imposto direto, mas sim pelo imposto sobre o consumo. “As pessoas estão vendo o seu orçamento ser corroído aos poucos. Elas percebem muito bem que o seu poder aquisitivo está diminuindo, mas este é um fenômeno pouco claro”, comenta. Exemplos: a água, o telefone e a eletricidade, sobre os quais pesa uma TVA (taxa sobre produtos e serviços) de 16%; a alimentação, cujos preços deram um salto de 10% em um ano. E ainda a gasolina, cujos preços na bomba sofreram aumentos em oito oportunidades no espaço de dois anos, ou seja, de 40%.
Contudo, a Tunísia é um país produtor de petróleo. A exploração das suas pequenas bacias petrolíferas por muito tempo foi considerada cara demais, mas a situação mudou drasticamente com os aumentos vertiginosos das cotações do barril, os quais fizeram com que as receitas das exportações aumentassem nitidamente desde 2006. No presente momento, a Tunísia continua exportando todo o seu petróleo bruto (o qual ela não tem a capacidade de refinar) e importando a totalidade dos combustíveis que ela consome. Com isso, a fatura petroleira continua sendo uma obsessão para as autoridades.
“Diplomados desempregados”
A outra chaga da Tunísia é a questão dos “diplomados desempregados”. Caso eles não tiverem ninguém bem situado entre as suas relações, estes jovens formados na Universidade tunisiana se vêem oferecer, no melhor dos casos, um emprego nos hotéis turísticos ou de telefonista nos call centers. Oficialmente, a porcentagem de diplomados desempregados é de 17%. Mas, na realidade ela seria muito mais elevada.
Muito mais do que as liberdades vilipendiadas, é o desemprego dos jovens que exaspera a população, provocando rancores e desejos de partir em exílio. A isso vem se acrescentar a medíocre qualidade do ensino ministrado nos cursos secundário e superior. “Nós ganhamos a aposta da quantidade: atualmente, 75% dos jovens tunisianos obtêm o seu baccalauréat (diploma de conclusão dos estudos secundários). Agora, nós precisamos ganhar a aposta da qualidade”, admite o ministro do desenvolvimento. Em 2007, foi iniciada uma reforma destinada a reabilitar a formação e o ensino profissionais.
Por enquanto, a frustração é grande. Muitos são os que se sentem preteridos do “milagre” econômico tunisiano, no qual eles não enxergam nada além de uma “miragem”. O avassalador sucesso financeiro dos amigos e familiares do presidente Ben Ali e da sua mulher vem atiçando ressentimentos e rumores. Para os tunisianos, de um lado existe uma turminha de muito ricos que beneficiam da globalização e, sobretudo, do “sistema” implantado por Ben Ali, baseado no clientelismo, conforme descreveu a universitária Béatrice Hibou em seu livro “La Force de l’obéissance” (A força da obediência, publicado na França pela editora La Découverte, 2008); e, de outro, uma massa de quase pobres, condenados aos baixos salários e a se virarem como podem. Na realidade, o verdadeiro problema na Tunísia não é nem tanto a criação da riqueza quanto a justa repartição desta riqueza.
sexta-feira, 19 de março de 2010
ahhhhhhhhh a doce tunisia
Escrito por Andreia Barros Ferreira | |
Mercados agitados e cheios, casas construídas no meio das rochas do deserto amarelo e quente, praias paradisíacas na ilha azul de Djerba e uma gastronomia riquíssima. Ingredientes, que a juntar à história milenar do país, fazem da Tunísia um país completo no que toca à oferta turística. 22h30 de uma noite muito quente de quinta-feira. No primeiro momento em que se põem os pés fora do aeroporto com o seu ar condicionado tem-se finalmente a certeza de que chegamos ao nosso destino: Tunes, capital da Tunísia, no Norte de África. Será de lá que partiremos para conhecer a cidade, também para rumar a Sul, em direcção a Djerba, uma das ilhas azuis do país. É de lá que sairemos depois rumo ao deserto rochoso, amarelo e silencioso dos Ksars e das aldeias berberes. "Por muitas viagens que se façam, chega-se sempre transformado depois de uma semana a percorrer o deserto", afirma Sílvia Lopes, relações públicas do Turismo da Tunísia em Portugal, e nossa companhia no país, para além das figuras públicas Mónica, Rubim e Duarte Siopa. No mercado "O meu pai não tem muito dinheiro, mas é feliz", afirma convicto Soufiane Hani, sociólogo e conversador em cinco línguas, mas a trabalhar em hotelaria. "O essencial é ter saúde", remata Khacha Mohamed, pai do primeiro, enquanto serve um chá de menta aos convidados no seu atelier de produtos artesanais, no centro de Djerba. De trajes compridos e escuros, barba grande, chapéu de folha de palmeiras na cabeça e um sorriso acolhedor no rosto, Khacha vai contando no seu francês perfeito que tudo começou quando tinha 12 anos. Na altura, a Tunísia ainda não tinha sido invadida por turistas e por isso o artesanato tornou-se no seu ganha-pão. Agora conta já 45 anos a fazer tapetes, carteiras, cinzeiros e chapéus. O que manufactura tem tanta qualidade que é já certificado pelo Governo, a ponto de fazer os tapetes para a sinagoga de Djerba. Vai contando com a ajuda do filho que nos tempos livres atrai os turistas a casa do pai, entregando-lhes cartões de visita e acolhendo-os no pequeno atelier. No centro de Djerba tudo é ao lado. Perto do atelier de Khacha Mohamed ficam lojas de produtos tunisinos, esplanadas onde se pode beber um refrescante sumo de laranja natural por apenas um dinar (pouco mais de 0,50 cêntimos) e espaços onde se vendem as mais variadas especiarias, como cuminhos, papikra e gengibre. E a especiaria que permite fazer o famoso cuscuz, um dos pratos mais tradicionais em terras tunisinas. É por lá que fica também o hotel mais antigo em Djerba: o Arischa tem mais de 400 anos e já pertenceu a uma família berbere. Actualmente é um hotel simpático, cujo pátio central está coberto de buganvílias e de elementos decorativos que se fundem com a paisagem tunisina em volta. É também no centro de Djerba que fica o mercado central. Em cada esquina há mulheres e homens de chapéu de folhas de palmeira e as mais tradicionais juntam ao chapéu vestes compridas, em tons de branco e azul, e cobrem o rosto. Ao contrário do resto da ilha, onde há uma enorme predominância do azul magrebino, cor característica dos países do Norte de África e obrigatoriedade do governo para que a Tunísia preserve a tradição (o azul também serve para afastar os mosquitos), nos mercados as cores são imensas. Em todas as lojinhas por onde passe vai ser fortemente assediado para que veja alguma coisa. A estória começa com um "bonjour" e no minuto seguinte já lhe estão a dizer que vão à bancarrota se descerem o preço para aquele que está a pedir. Mas não se deixe enganar: todos dizem o mesmo e basta começar a virar-lhes costas para o preço descer para pelo menos de metade. Na verdade, o regateio faz já parte da tradição dos mercados na Tunísia e se não entrar no jogo pode ser até que os comerciantes fiquem chateados consigo. . Viver no deserto A alguns quilómetros de Djerba e tomando a ponte que une a ilha ao Sul do país, começa a surgir o deserto, o chamado rochoso primeiro. Os sinais começam a aparecer com os sinais de perigo – há um que merece especial destaque e que indica a possibilidade de aparecimento de dromedários (camelos apenas com uma bolsa) no meio da estrada. A caminho de Tataouine há lugar para um lago salgado e para campos e campos de vegetação agreste. Há também casas de pedra quase destruídas, burros, cabras e seus pastores. E há sobretudo uma exigência clara do deserto: silêncio pela sua grandiosidade e beleza. O primeiro ponto de paragem obrigatória é nos Ksars. Parámos no Guled Soltane, um dos mais de 150 existentes na Tunísia. Trata-se de celeiros fortificados que pertenciam aos berberes que não se quiseram converter ao Islão quando o território foi invadido pelos árabes. Fugiam para estes espaços em tempos mais conturbados e nos mais calmos iam para as aldeias escavadas nas rochas, que têm actualmente o seu nome. É para lá que também seguimos, mais precisamente para a Aldeia Berbere Chenini. Na verdade existem já muito poucas, o que faz desta uma verdadeira preciosidade. Aqui o tempo não tem certamente a mesma importância que nas grandes cidades. Existe um pequeno café, uma ou outra loja com os habituais produtos tunisinos e tudo o resto são caminhos estreitos até ao cimo da montanha - algumas destas casas são ainda habitadas, outras foram já abandonadas. E existe a língua berbere, sem forma escrita, apenas falada, e que vai passando de pais para filhos. Só eles se entendem. Se seguíssemos mais para Sul, entraríamos no Deserto do Sarah, o maior do mundo, e visitaríamos os três Oásis (povoações) que lá existem e que comprovam que a vida no deserto existe e é possível. O tempo, o nosso Ocidental, não nos permitiu seguir viagem, porque tínhamos à nossa espera Tunes, capital da Tunísia. . Agitada Tunes Chama-se Porta do Mar e era a antiga entrada da Medina de Tunes, uma das maiores da região. O nome é perfeitamente lógico e surgiu porque o mar chegava até ali. A Medina é o mercado de Djerba, mas com proporções muito maiores, o que significa que quando se trata de fazer compras, a escolha aqui é muito maior e a facilidade em se perder nas suas ruelas aumenta também exponencialmente. Do lado oposto à entrada fica a Mesquita de Tunes. Ao contrário do que se poderia esperar, nem para lá entrar é necessário usar qualquer véu a cobrir o rosto e o cabelo, até porque os tunisinos aproveitaram o interesse dos turistas e cobram três dinars pela entrada no local. A única restrição tem que ver com a separação de homens e mulheres: uns entram por um lado, outros por outro. Lá perto também fica a Praça do Ministério, onde ser reúnem, tal como o nome indica, todos os ministérios do país. Percebe-se que é um sítio importante pelo número de polícias em volta do imponente edifício (há muitos polícias espalhados pela Tunísia inteira, o que transforma o país num local seguro, mas nesta praça o número é ainda maior) e há mesmo um perímetro em volta do local que não pode ser pisado pelos turistas. O resto da cidade é tão animado quanto o local da Medina e nas avenidas principais o trânsito é mesmo mais caótico do que nas principais cidades portuguesas. É por isso que vir de Djerba e do deserto para Tunes pode revelar-se um choque, mas é também muito interessante para perceber que o país oferece ao visitante realidades completamente distintas. A mistura entre a tradição e a modernidade é talvez o mais digno de registo: é possível verem-se pelas ruas mulheres de rosto completamente tapado ao lado de outras completamente europeizadas e até com mais cuidado com a imagem do que aquela que existe na Europa – não é em vão que a Tunísia se está a transformar num país de primeira escolha quando o assunto são cirurgias estéticas pela relação qualidade/preço. . O cheiro das buganvílias Para descansar da agitada Tunes, a uns 20 km da capital da Tunísia encontra-se a pitoresca aldeia de Sidi Bou Saïd. Do seu topo, pare num bar típico, peça chá de menta e pinhões, sente-se nos bancos forrados a mantas coloridas e aprecie o Mediterrâneo em baixo. Garantimos-lhe que vai perceber por que é que Sidi Bou Saïd conquistou a elite intelectual europeia no início do século XX, tendo sido alvo de escritores e pintores famosos, como Simone de Beauvoir, Jean Paul Sartre, Georges Bernanos ou André Gide, talvez pelo seu casario branco e azul coberto de inúmeros ramos de buganvílias. "Da Tunísia levo o misticismo e uma história antiga que se mistura com a recente e que me apaixona", afirma Duarte Siopa, enquanto acrescenta que foi a pequena localidade de Sidi Bou Saïd que mais o conquistou. "É das coisas mais bonitas que já vi", afirma sem qualquer dúvida. E promete regressar para revisitar a localidade, as Medinas, o deserto e para conhecer a fundo Cartago. . |
tunisia entre dois mundos
TÚNIS — Rashid Belangdeh mergulha um pedaço de pão no molho do prato do interlocutor, enquanto discorre sobre sua religião e seu país, num restaurante de Túnis. "Acredite, meu amigo, os islâmicos tornariam todos nós iguais, e é isso que os capitalistas, os ricos, não querem." Belangdeh, bérbere, de família nômade do sul da Tunísia, não compreende a resistência e mesmo o pavor que muitos de seus compatriotas nutrem em relação ao movimento fundamentalista.
Toma como exemplo a Arábia Saudita: "Lá, todos são iguais, podem comprar sua casa, seu carro..." À objeção de que aquele país é rico em petróleo, retruca: "Não é só por isso, é porque o islamismo é posto em prática lá."
Se chegarem ao poder, "é claro que os islâmicos imporão a todo o país os preceitos muçulmanos, porque são justos", acredita o bérbere, que faz serviços pesados para os hotéis tunisinos. "Proibirão a bebida porque o bêbado é um perigo para a sociedade." E quanto às mulheres? "Aqui é diferente da Europa. Os homens querem as mulheres para cuidar da casa e da família." Belangdeh, 28 anos, é casado com sua prima, e tem dois filhos.
Ele ignora que o grupo fundamentalista Movimento da Tendência Islâmica (En-Nahdha) esteja proibido como partido político. "Mas eles têm deputados no Parlamento e participam do governo." Candidatos independentes ligados ao En-Nahdha foram autorizados a participar das eleições de abril de 1989, mas o partido do presidente Zine el-Abidine Ben Ali, União Constitucional Democrática, ganhou todas as cadeiras.
Quanto ao governo, de fato há nele funcionários integristas infiltrados, confirma um diplomata ocidental. Esses integristas disfarçados não usam as longas barbas que caracterizam os religiosos. Mas, para reconhecê-los, é fácil, ensina o diplomata. "Se sua mulher usar as vestes religiosas com todo o corpo e a cabeça cobertos, não há dúvida."
O governo mantém esses funcionários — alguns de alto escalão — pela mesma razão por que não condenou à morte recentemente, como queria o promotor, dezenas de militantes fundamentalistas acusados de complô contra o Estado. "A situação ficaria explosiva", diz o diplomata.
Sob forte influência da França, que a colonizou, e a apenas uma hora de vôo da Itália, a Tunísia é um dos países árabes mais ocidentalizados, o único onde a poligamia é proibida — lei que, aliás, segundo corre em Túnis, o presidente, com fama de namorador, quer reverter.
Mas o equilíbrio deste país — em cujas praias mediterrâneas é possível ver uma européia topless ao lado de uma muçulmana com o corpo todo coberto — é dos mais frágeis. Sua população, como a de todo o Norte da África, vê-se confrontada com duas grandes escolhas: o liberalismo, identificado com o bem-estar material, e o fundamentalismo, a remissão eterna.
Buscando desesperadamente a primeira alternativa, o presidente Ben Ali obedece a todas as determinações do FMI, segura os gastos, mantém a inflação nos 8% (oficiais, 15% reais) e o dinar tunisiano acima do dólar (US$ 1 compra apenas 84 centavos de dinar). Mas o desemprego é de 12%, e é ai que os fundamentalistas podem atuar. Com simpatia.
"Islamismo é uma questão de coração", emociona-se o bérbere Belangdeh. "Se você vê o presidente do partido islâmico, não acredita que seja um homem tão importante: veste-se com simplicidade, ajoelha-se para rezar, fala como nós, é um homem do povo, não é falso, segue a religião à risca e crê nela." Quem está no poder se diz muçulmano, mas não pratica o islamismo, reclama Belangdeh. O islamismo, portanto, chegará ao poder, garante, pela escolha do povo, não pela força.
É o que temem a classe média e os setores ocidentalizados. "A Tunísia não cometeu o erro da Argélia", festeja um tunisiano que mora na França, referindo-se à legalização da Frente Islâmica de Salvação, grupo fundamentalista que ia obtendo maioria absoluta no Parlamento argelino em janeiro quando as eleições foram canceladas. "O povo é fácil de influenciar, e eles têm muito dinheiro vindo do Irã e da Líbia", diz ele.
Toma como exemplo a Arábia Saudita: "Lá, todos são iguais, podem comprar sua casa, seu carro..." À objeção de que aquele país é rico em petróleo, retruca: "Não é só por isso, é porque o islamismo é posto em prática lá."
Se chegarem ao poder, "é claro que os islâmicos imporão a todo o país os preceitos muçulmanos, porque são justos", acredita o bérbere, que faz serviços pesados para os hotéis tunisinos. "Proibirão a bebida porque o bêbado é um perigo para a sociedade." E quanto às mulheres? "Aqui é diferente da Europa. Os homens querem as mulheres para cuidar da casa e da família." Belangdeh, 28 anos, é casado com sua prima, e tem dois filhos.
Ele ignora que o grupo fundamentalista Movimento da Tendência Islâmica (En-Nahdha) esteja proibido como partido político. "Mas eles têm deputados no Parlamento e participam do governo." Candidatos independentes ligados ao En-Nahdha foram autorizados a participar das eleições de abril de 1989, mas o partido do presidente Zine el-Abidine Ben Ali, União Constitucional Democrática, ganhou todas as cadeiras.
Quanto ao governo, de fato há nele funcionários integristas infiltrados, confirma um diplomata ocidental. Esses integristas disfarçados não usam as longas barbas que caracterizam os religiosos. Mas, para reconhecê-los, é fácil, ensina o diplomata. "Se sua mulher usar as vestes religiosas com todo o corpo e a cabeça cobertos, não há dúvida."
O governo mantém esses funcionários — alguns de alto escalão — pela mesma razão por que não condenou à morte recentemente, como queria o promotor, dezenas de militantes fundamentalistas acusados de complô contra o Estado. "A situação ficaria explosiva", diz o diplomata.
Sob forte influência da França, que a colonizou, e a apenas uma hora de vôo da Itália, a Tunísia é um dos países árabes mais ocidentalizados, o único onde a poligamia é proibida — lei que, aliás, segundo corre em Túnis, o presidente, com fama de namorador, quer reverter.
Mas o equilíbrio deste país — em cujas praias mediterrâneas é possível ver uma européia topless ao lado de uma muçulmana com o corpo todo coberto — é dos mais frágeis. Sua população, como a de todo o Norte da África, vê-se confrontada com duas grandes escolhas: o liberalismo, identificado com o bem-estar material, e o fundamentalismo, a remissão eterna.
Buscando desesperadamente a primeira alternativa, o presidente Ben Ali obedece a todas as determinações do FMI, segura os gastos, mantém a inflação nos 8% (oficiais, 15% reais) e o dinar tunisiano acima do dólar (US$ 1 compra apenas 84 centavos de dinar). Mas o desemprego é de 12%, e é ai que os fundamentalistas podem atuar. Com simpatia.
"Islamismo é uma questão de coração", emociona-se o bérbere Belangdeh. "Se você vê o presidente do partido islâmico, não acredita que seja um homem tão importante: veste-se com simplicidade, ajoelha-se para rezar, fala como nós, é um homem do povo, não é falso, segue a religião à risca e crê nela." Quem está no poder se diz muçulmano, mas não pratica o islamismo, reclama Belangdeh. O islamismo, portanto, chegará ao poder, garante, pela escolha do povo, não pela força.
É o que temem a classe média e os setores ocidentalizados. "A Tunísia não cometeu o erro da Argélia", festeja um tunisiano que mora na França, referindo-se à legalização da Frente Islâmica de Salvação, grupo fundamentalista que ia obtendo maioria absoluta no Parlamento argelino em janeiro quando as eleições foram canceladas. "O povo é fácil de influenciar, e eles têm muito dinheiro vindo do Irã e da Líbia", diz ele.
terça-feira, 9 de março de 2010
as riquezas da tunisia
As riquezas da Tunísia começam a ser descobertas pelos turistas brasileiros
Um país pequeno, mas completamente maravilhoso. Assim é a Tunísia, nação estabelecida no norte da África e que reúne em uma área um pouco maior que a metade do Estado de São Paulo, atrações fascinantes. Da costa azul do Mar Mediterrâneo até o Deserto do Saara a um mundo totalmente diferente do nosso no sentido geográfico, populacional e cultural. Por lá é possível ver ruínas do Império Romano, muitas em melhor estado de preservação do que as que existem em Roma, belas cidades iluminadas pelo sol escaldante, mesquitas, medinas (cidades antigas, cercadas por muralhas, com moradias e comércio), aldeias cavadas na pedra, dromedários, desertos e oásis. A Tunísia é um país tranqüilo, que fica numa região predominada por conflitos e fanatismos, entre a Argélia e a Líbia. Diferente de outros países do Oriente Médio, a Tunísia é uma democracia. As mulheres têm os mesmos direitos dos homens e não precisam cobrir o rosto. Reserve pelo menos uma semana para conhecer a Tunísia. Existem guias especializados que fazem questão de deixar o turista muito bem informado. Os hotéis são excelentes e o atendimento é ótimo. Se você dispõe de tempo e dinheiro, uma boa pedida é se hospedar em um dos diversos resorts luxuosos que ficam na belíssima Praia de Hammamet. Por lá a vida noturna é marcada pela agitação dos cassinos. Um vôo partindo de São Paulo até a capital Túnis dura cerca de 11 horas. Já no aeroporto o turista é surpreendido por uma decoração suntuosamente oriental. Uma parada obrigatória é a cidade de Monastir. Não deixe de visitar o mausoléu do ex-presidente Habib Bourghiba, construído por ele mesmo muito antes de sua morte. A apenas meia hora da capital, na orla do Mediterrâneo, está Cartago. Tombada pela Unesco em 1972, a cidade é importante para a história da humanidade e guarda vestígios do passados de glórias da Tunísia. Visite a cidade sem pressa, fotografe as ruínas, aprecie as colunas e arcos das construções ainda intactas. Mais recentemente Cartago foi reconstruída e abriga hoje o palácio presidencial, além de mansões pintadas de branco, onde vive a alta sociedade. Perto da cidade de Tataouine está Chenini, um povoado com pouco mais de 100 famílias berberes que vivem como seus antepassados, em casas semitrogloditas, totalmente cavadas nas montanhas. Chegando em Douz, a atração principal são os dromedários. Por lá os turistas podem andar pelo Deserto do Saara montado em um. A Ilha Jerba também é sensacional. Para chegar até lá é preciso pegar uma balsa que parte do porto de Gabes. A ilha é apontada por muitos como o ponto alto do turismo da Tunísia. Cercada pelo mar azul-turquesa, a Ilha é habitada pelos jérbios, primitivos que vivem da pesca, principalmente do polvo. No interior da ilha está a Sinagoga de Agribe, a mais antiga do país. Mesmo sendo um país liberal, o turista estrangeiro tem de tomar alguns cuidados para não ser mal interpretado. Na Tunísia predomina-se a religião mulçumana, por isso vista-se com roupas bem comportadas. Pechinchar faz parte da cultura, você pode comprar um produto com até 90% de desconto. O Clima do deserto é seco e quente, não esqueça de levar protetor solar. Não beba água da torneira, compre água mineral. Por lá não existe adoçante, se você gosta leve na mala. A cozinha tunisiana tem pratos maravilhosos, não deixe de experimentar o kus-kus, um prato feito com farofa, frango e batatas. Os idiomas da Tunísia são o árabe e o francês. Por estes e outros muitos motivos vale a pena conhecer a Tunísia, este país do Oriente Médio que está descobrindo o valor do turismo e conquistado pessoas de todo o mundo. Consulte seu agente e boa viagem! | |
Para quem vai à Tunísia a parada obrigatória na cidade de Monastir, é o mausoléu do ex-presidente Habib Bourghiba, construído por ele mesmo muito antes de sua morte | |
Na Tunísia você pode conhecer o Deserto do Saara montado nos simpáticos dromedários que por lá existem aos montes | |
Os resortes de luxo são uma atração à parte na Tunísia. Se você tem muito dinheiro para gastar, não deixe de se hospedar por lá | |
Os mercados da Tunísia são pra lá de variados. Pechinchar faz parte da cultura, você pode comprar um produto com até 90% de desconto |
intermusica tunisia
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bolinho de tamaras tunisiana
Ingredientes:
500 gr de sêmola de milho;
60 g de manteiga;
01 colher (chá) de fermento em pó;
100 g de açúcar;
01 pitada de sal;
2,5 dl de água morna;
60 g de manteiga;
01 colher (chá) de fermento em pó;
100 g de açúcar;
01 pitada de sal;
2,5 dl de água morna;
GUARNIÇÃO:
500 g de tâmaras secas;
1/2 colher (café) de canela em pó;
1/2 colher (café) de canela em pó;
COBERTURA:
200 g de açúcar;
01 dl de água.
01 dl de água.
Preparo:
1. Misture a sêmola com os outros ingredientes da massa e trabalhe-a bem até obter uma massa homogénea.Cubra com um pano e deixe repousar por cerca 30 minutos.
Nota: se tiver dificuldade em conseguir que a massa fique ligada, adicione um pouco de farinha normal.
2. Entretanto, descaroce as tâmaras e coza-as em água a ferver por cerca 10 minutos.
Retire-as e esmague-as.
Adicione canela.
3. Divida a massa em duas parte iguais e tenda-a.
Reservando 3 colheres de sopa de tâmaras para a cobertura, recheie os dois bocados de massa e enrole-os com ajuda de um pano.
4. Corte os rolos em fatias de cerca de 1 cm de espessura e leve-as ao forno, pré-aquecido a 175ºC, num tabuleiro untado.
Deixe cozer por cera de 10 minutos, até alourarem bem.
5. Coloque a água e o açúcar da cobertura num tacho e leve a ferver por cerca de 5 minutos.
Retire e adicione as tâmaras que reservou.
6. Retire os bolinhos do forno, coloque-os num prato e regue com a calda das tâmaras.
tamaras tunisianas
Tâmaras recheadas com pasta de amêndoas
Adoro tomar um cafezinho. Um bom cafezinho. Sem açúcar, sentindo bem o que a maravilhosa bebida tem a oferecer. Até tomo um cafezinho puro, sem acompanhamento. Mas não há nada com um cafezinho acompanhado de um lindo biscoitinho. Pequenininho, delicioso, um pequeno pedacinho do céu. Você mastiga e ele é bem crocante.
Como prepará-las – não poderia ser mais fácil:
De uns tempos para cá em muitas boas casas que servem um bom café, se tem servido café com uma barra minúscula de chocolate. Amargo, pelo menos 70% de grão de cacau. Gosto também. Mas confesso preferir mesmo os biscoitinhos crocantes.
Tipo uns mini ‘scottish shortbreads’, levemente amanteigados, são top na minha lista. Mas uns biscoitinhos continentais, com um pouquinho de chocolate na massa também me encantam. Quando estivemos na Tunisia serviam biscoitinhos com o café, e até com o chá de maçã.
Neste espírito de honrar um bom acompanhamento para o meu cafezinho, encontrei esta receita com um toque nada crocante, porém diferente. São deliciosas tâmaras com um recheio de amêndoas moídas umedecidas com água de flor de laranjeira ou água de rosas. As tâmaras têm que ser de boa qualidade, não secas, mas úmidas. O café corta um pouco o doce destes lindos pacotinhos orientais.
A minha inspiração veio dos escritos da Claudia Roden, de quem já falei antes aqui.
Você só precisará dos ingredientes abaixo:
180g de amêndoas moídas
90g de açúcar
3-4 colheres de sopa de água de flor de laranjeira/água de rosas
500g de tâmaras ultra deliciosas sem o caroço
Como prepará-las – não poderia ser mais fácil:
Coloque as amêndoas numa vasilha juntamente com o açúcar, e vá acrescentando a água de flor de laranjeira/água de rosas aos poucos. A consistência que você busca é só suficiente para que as amêndoas e o açúcar virem uma pasta só. Como a pasta é misturada com as mãos você notará que o óleo das amêndoas também agirá como elemento que dará ligação. Sendo assim você provavelmente não precisará de todas as colheres de água de flor de laranjeira/água de rosas. Recomendo não encher muito as tâmaras pois senão ficam grosseiras.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Aprenda a fazer tatuagem de henna
Resumo
A Henna é uma planta, um arbusto encontrado com abundância em países de clima quente, como Índia e Paquistão. No Brasil, a Henna Preta é muito utilizada para estética e diversão, como as tatuagens que duram de 15 a 20 dias. A tatuagem de Henna não dói e é uma ótima alternativa para adultos ou menores de idades que querem enfeitar o corpo, mas não têm coragem de fazer um desenho definitivo. Aprenda como fazer sua própria tatuagem de henna.Você precisa de
Henna (Surya Henna Tattoo) Pincéis n°00; hidrocor ponta fina e preta Conta-gotas (desodorante tipo Speed Stick) Palitos de dente forrados com algodão Loção anticéptica sem álcool Palitos grandes de pontas finas Folhas de papel vegetal Papel toalha ou papel higiênico Lápis | 2 2 |
Passos
Importante
- A fórmula deve ser utilizada no mesmo dia. Após preparada deve ser usada no máximo em 06 horas. Antes de fazer uma tatuagem de henna na praia ou locais desconhecidos, verifique a procedência da tinta, preste atenção na higiene de todo material a ser utilizado e a data de validade da henna que deve estar estampada no frasco. Pergunte qual o tipo de henna usada, certificando-se de que a tinta é de qualidade, para evitar alergias.
a vida no sahara
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a henna para o sahara
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proverbios hassani do sahara
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sahara
Sahara Hotnights
Idioma original: INGThe sound of his name
Won't make music today
So I, pictured his face
To see if the colors had faded
Guess I'd know how he feels
If it wasn't for my fingers gotten numb
Don't wanna know what it means
When your baby slips your mind
I am getting away with murder
I'm gonna to hide where nothing can hurt and
(and if I'll ever be found)
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
And when the famous words
Getting harder to write
And you don't need his hands
For passion tonight
The first time I forgot
I was ignoring every warning sign
But now I know what it means
When your baby slips your mind
I am getting away with murder
I'm gonna hide where nothing can hurt and
(and if I'll ever be found)
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
Yeah, I'll be denial say I'm not the one for you now more
The sound of his name
Won't make music today
So I, I pictured his face
To see if the colors had faded
Don't wanna know what it means
When your baby slips your mind
When your baby slips your mind
When your baby slips your mind
Won't make music today
So I, pictured his face
To see if the colors had faded
Guess I'd know how he feels
If it wasn't for my fingers gotten numb
Don't wanna know what it means
When your baby slips your mind
I am getting away with murder
I'm gonna to hide where nothing can hurt and
(and if I'll ever be found)
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
And when the famous words
Getting harder to write
And you don't need his hands
For passion tonight
The first time I forgot
I was ignoring every warning sign
But now I know what it means
When your baby slips your mind
I am getting away with murder
I'm gonna hide where nothing can hurt and
(and if I'll ever be found)
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
If I'll ever be found
I say I'm not who you're looking for
I'll be in denial say I'm not the one anymore
Yeah, I'll be denial say I'm not the one for you now more
The sound of his name
Won't make music today
So I, I pictured his face
To see if the colors had faded
Don't wanna know what it means
When your baby slips your mind
When your baby slips your mind
When your baby slips your mind
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