sábado, 15 de março de 2014

Registro de Casamento Consular

Registro de Casamento Consular
Sua certidão de casamento civil no exterior não tem validade alguma no Brasil, isso significa que aqui, para todos os efeitos, você é uma mulher solteira (divorciada ou viúva), ainda que seja legalmente casada no país de origem de seu marido (ou qualquer outro país também).
Então, o que você deve fazer com sua certidão de casamento civil do exterior para que a mesma tenha validade no Brasil e que você não precise chegar aqui e casar novamente no civil com seu marido para legalizar toda a situação? O que, aliás, seria um pouco complicado, uma vez que seu marido não mais conseguiria uma declaração de solteiro no país de origem, pois ele já é casado com você lá.
A resposta é bem simples, sua certidão de casamento civil no exterior deve ser registrada na Embaixada ou Consulado Brasileiro com jurisdição na cidade onde o casamento de vocês foi celebrado. Apesar de ser um procedimento relativamente simples, muitas pessoas desconhecem que essa certidão TEM que ser registrada lá para poder ter validade aqui no Brasil e voltam ao nosso país apenas com a certidão de casamento civil do país do marido, mas sem a elementar certidão de casamento consular. E como não tem validade alguma, não será possível dar entrada no pedido de permanência e todos os demais processos para regularizar a situação de seu marido no país.
Nas informações oficiais do sites do Governo e das Embaixadas, consta que o casamento celebrado no exterior em que uma das partes seja nacional brasileiro deverá ser registrado na Repartição brasileira da jurisdição do casamento para fazer fé pública, ou seja, ter validade no Brasil.
Dei entrada no processo de registro de casamento consular quase um ano depois de me casar no civil no exterior, pois não consta haver limite de tempo para registro do mesmo na Embaixada ou Consulado, você o faz quando melhor lhe convir. Mas não esqueça que para este registro, sua presença é exigida, seu marido não pode registrar o casamento por você.
O procedimento para registro, ao menos em meu caso, foi o seguinte:
PROCEDIMENTOS:
O registro de casamento exige a presença do declarante (cidadão/ã brasileiro/a) na Embaixada.
Cópia notarizada da documentação poderá ser previamente encaminhada por correio, comparecendo o declarante à Embaixada apenas para a assinatura do termo, no ato da entrega da certidão.
não encaminhei nenhum documento por correio, acho mais seguro entregar pessoalmente.
DOCUMENTOS REQUERIDOS:
Formulário de registro de casamento devidamente preenchido e assinado pelo(a) declarante, que deverá ser necessariamente de nacionalidade brasileira;
Original e cópia da certidão estrangeira de casamento (certified copy) a ser registrada;
Original e cópia de documento comprovante do estado civil do(s) nubente(s) brasileiro(s), que pode ser, alternativamente:
Certidão de nascimento expedida nos últimos 6 meses;
Certidão de casamento com averbação de divórcio (no caso de divórcio não realizado no Brasil, faz-se necessária a homologação, no Brasil, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ));
Atestado de óbito do cônjuge anterior;
Original e cópia de documento de identidade brasileiro, com foto (carteira de identidade, passaporte);
No caso de um dos cônjuges não ter a nacionalidade brasileira, original e cópia da certidão de nascimento do cônjuge estrangeiro, onde constem os nomes dos pais; • original e cópia de documento de identidade do cônjuge estrangeiro, com foto (passaporte, carteira de motorista);
No caso de o cônjuge estrangeiro ter sido casado anteriormente com brasileiro(a), original ou cópia autenticada, em Cartório no Brasil, da homologação do divórcio pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou original e cópia da certidão de óbito do cônjuge anterior;
Se não tiver sido casado com brasileiro(a), o cônjuge estrangeiro fará apenas uma declaração nesse sentido, com assinatura “notarized”;
A Embaixada reserva-se o direito de requerer documentação ou informação adicional.
É um pouco chato coletar todos os documentos, em especial os documentos do marido, mas nada muito complicado. Ao fim do processo, que transcorre rapidamente (em pouco mais de uma semana seu documento estará em mãos), você receberá sua CERTIDÃO DE REGISTRO DE CASAMENTO, em que eles certificam que a certidão de casamento foi devidamente registrada na referida Missão Diplomática (ou seja, Embaixada ou Consulado Brasileiro no país em questão), constando o nome dos cônjuges, profissão, residência e filiação, bem como data e local de casamento. Também certificam como ficaram os nomes dos nubentes depois de casados, ou seja, se adotaram o sobrenome do marido ou da esposa ou não, bem como o regime brasileiro de bens adotado, que no caso foi comunhão parcial de bens.
Todo o procedimento sai meio carinho, pois cada documento anexado ao processo de registro de casamento precisa ser legalizado antes para ter validade, uma vez que os documentos do marido eram estrangeiros, o que implica ter reconhecimento de assinaturas, ou autenticação do próprio documento, primeiro por autoridades do país de origem, depois pela embaixada. E cada selinho consular tem um custo e como foram vários, ao final acabou elevando os custos do registro.
Consta no artigo 1.544 do Código Civil que “o casamento celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 (cento e oitenta) dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no Primeiro Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir“.
ao chegar ao Brasil com o registro de casamento consular, na mesma semana deve-se registrar seus documento no referido cartório, pedirao mais um comprovante de residência e cópia de alguns documentos, bem como o pagamento da taxa, que foi algo em torno de R$ 200 a R$ 250.

domingo, 9 de março de 2014

O Pao Argelino

bom sedido pela amiga bloggeira  carol ...
 vai ai  a receita do pão argelino ...que tanto adoro e tambem aqui uma forma de homenagiar os amigos da argelia ...

O Pao Argelino


Uma das experiencias mais misticas que tive na minha estadia na Argelia, foi a oportunidade de cozinhar com uma senhora local.
Mistica pois como contei aqui, foi uma "aulinha" inesperada e inesquecivel.

Sempre que saìamos com o Mecanico que trabalhava com meu marido e comiamos algo eu dizia:
"Que tempero è esse? Como se faz isso? Para preparar isso tem algum apetrecho especial?"
Enchia os pacovà do Imad com muitas perguntas gastronomicas, atè que... um belo dia, ele preparou essa linda surpresa para eu cozinhar com essa senhora que morava em uma casa ao lado do nosso prèdio.
 

O pao argelino foi o que mais me atraiu quando fui a feira no centro de Oran, pois onde voce olha sempre tem alguem vendendo / fazendo o pao.
Imaginem um pao sirio so que gordinho, com uma crosta crocante fora, mas macio como o pao de leite por dentro, e um farelinho torradinho de farinha de semola que cobre tudo isso de gostosura?
E' ele! E comer quentinho com Kebab de Frango è a supremacia da guloseima!

A melhor parte dessa receita è que, em poucos minutos voce prepara a massa, 30 minutos ela cresce, vc abre, e deixa repousar mais 10 minutinhos e tà pronto pra assar por apenas 6 minutos!
O contra dessa receita è que, para realizar-la è necessario ter uma frigideira de ferro, ou... a famosa "Tajim pur pain" que pode ser de ceramica ou ferro.

Mas vamos a receita... que è mega simples e farà um sucessao!!!



Ah... esqueci de colocar.. depois que achatar o pao, com o dedo "fura bolo" (hahaha) fazer um furinho no centro do pao para que nao crie ar.

Tajim pur pain de ferro (nao està suja, mas com o tempo pega essa cor mesmo)


A senhorinha usou 1Kg de farinha de trigo, pois segundo ela o pao fica macio por mais dias, com a farinha de semola, o pao endurece mais rapidamente.
Eu ja provei fazer em casa metade metade (como a receita que ela me passou) e durou 1 semana, alem disso eu fiz paes menores, por isso consegui fazer render 6. Ela com 1 Kg fazia 3 paes!!!



                                                    

quinta-feira, 6 de março de 2014

dialecte de judeo-tunisien

Le JUDEO-TUNISIEN est il un dialecte ou une langue?

   
                   Le JUDEO-TUNISIEN est il un dialecte ou une langue?.

Le JUDEO-TUNISIEN est un dialecte qui dérive des différentes langues arabes et berbères de Tunisie de Tripoli d’Algérie et du Maroc, mais aussi de l'hébreu, de l'espagnol, de l'italien, du Turc et du Français.

N'oublions pas qu'il y a seulement un peu plus d'un siècle les frontières n'existaient pas entre la Tunisie, l’Algérie, le Maroc et la Libye.

Ces territoires étaient divisés en diverses provinces plus ou moins indépendantes.

Donc ce judeo-arabe est le dérivé de l'influence des populations extérieures diverses qui sont passes par les territoires de la Tunisie d'aujourd’hui.

Je comprends que certains jeunes musulmans Tunisiens, par curiosité ou pour toutes autres raisons, recherchent à travers les juifs de Tunisie cette langue judeo-tunisienne qu'ils n'entendent presque plus sur leurs territoires.

Voici quelques mots judeo-tunisiens dérivant de ces diverses langues :

BARKA= bénédiction, ce mot dérive de « berakha » bénédiction en Hébreu.

ROBA-VECKIA=brocanteur, ce mot derive « roba veccia » vieille robe en Italien.

SOUGAMANOU= serviette de toilette, ce mot dérive de « essuguamano » essuie-main en Italien.

KANDIL=veilleuse, ce mot dérive de "candela" bougie en Espagnol.

BRIK=brik, ce mot dérive de « borek » sorte de brik en Turc.

GUAZOUZ=limonade, ce mot dérive de « gazeuse »boisson gazeuse en Français.

BILADA= fête traditionnelle, juive tunisienne se pratiquant pour fêter la naissance d’un nouveau-né, dérive de « belada » fête similaire se pratiquant encore dans quelques régions de l’Espagne actuelle.

SOBATE=soulier, ce mot dérive de « sapato » soulier en Italien.

BEIT=maison, ce mot dérive de « bait » maison en hébreu.

AKHMAR=âne, ce mot dérive de « khamor » âne en hébreu.

ENDOUKH=fleur d’huile d’olive, ce mot dérive de « nidakh » lointain en hébreu, ce mot était utilisé par les producteurs juifs d’huile d’olive a l’époque du deuxième Beit-Hamikdash (Temple) de Jérusalem. Ces derniers envoyaient cette fine huile en tant que maasser (dîme) a « eretz nidakhate »(pays lointain) pour designer Israël.

KBOR=tombeau, ce mot dérive de « kever » sépulture en hébreu.

BNEDEM=être humain, ce mot dérive de « ben-adam » être humain en hébreu.

YED=main, ce mot dérive de « yad » main en hébreu.

JMEL=chameau, ce mot dérive de « guamal » chameau en hébreu.

BOCCA DI DAMA= gâteau typique de Tunisie a base d’amandes, ce mot dérive de l’italien « bocca di dama » bouche de dame en Italien.

ENNE=ici, ce mot dérive de « enna » ici en hébreu.

ARAKI=eau de vie, ce mot dérive de « raki » en Turc.

BORDEGUEN=orange, ce mot dérive de « portokal » orange en judeo-turc.

TORCHI=sorte de kemia tunisienne, ce mot dérive de « truchi » saumure en judeo-turc.

SKEMBRI=maquereau, ce mot dérive de « eskumbris » maquereau en judeo-turc.

MOKH=cervelle, ce mot dérive de « moakh » cervelle en hébreu.

ANEB=raisin, ce mot dérive de « anav » raisin en hébreu.

BOSCOUTOU=gâteau tunisien, dit aussi, pain d’Espagne, ce mot dérive de « biscotchos » biscuit en judéo-espagnol.

En citant ces quelques mots en Judeo-Tunisien, vous pouvez constater que ce dialecte est presque une langue dérivant des pérégrinations des juifs a travers le bassin méditerranéen.

Cette presque langue est en train de se perdre au fil des ans malheureusement.

Aussi j’espère que grâce au site Internet HARISSA, et a sa fondation, ce patrimoine qui est une partie de nos racines, ne soit pas perdu et sera préservé.

OS JUDEOS NA TUNISIA ...QUEM SÃO OS JUDEUS TUNISIENS

QUEM SÃO OS JUDEUS TUNISIENS

WWW.HARISSA.COM 

Judeus tunisianos sempre representaram uma cultura única de lado, devido à situação geográfica da Tunísia e retrocessos históricos enfrentados por esta pequena comunidade. Sem prejuízo das condições de vida, em vez áspero, eles, no entanto, desenvolvido ao longo de séculos de trânsito na Tunísia, uma personalidade única e interessante baseada principalmente na tolerância. Tolerância de idéias, devido, provavelmente, à situação encruzilhada do Mediterrâneo de várias influências e diferentes reuniões invasões durante a posse dos judeus na Tunísia Tunes.
Tendo em conta que os judeus viveram Tunes sob a influência espanhola e sob a influência de conquistadores árabes, então sob o exército turco e os colonizadores franceses, sem contar todas as diferentes invasões de romanos, vândalos, bizantinos, que entender melhor a sua aparência internacionalista.
Nunca exceda 140.000, embutido em uma população total de 5 milhões de habitantes, a presença de judeus na Tunísia remonta a mais de 20 séculos documentados por descobertas arqueológicas inequívocas. As origens são bastante turva com chegada remonta à destruição do Templo. Ao longo dos tempos, a comunidade é enriquecida pela contribuição de sucessivas ondas de imigrantes, principalmente de Espanha, Portugal durante a Inquisição e, posteriormente, na Itália, e em particular Livorno.

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HISTÓRIA DE NOSSA GERAÇÃO

100.000 pessoas, mulheres, homens, velhos e crianças foram transferidas de um país para outro, deixando depois de 20 séculos a cultura árabe-muçulmano a viver em outra cultura. Metade emigrou para Israel ea outra metade passou a viver em França, na civilização cristã francesa.
Tunes judeus que foram para a França ter deixado a Tunísia, disfarçado como "Francês de retornar ao país de seus antepassados", e, em muitos casos, eles acreditavam lá e continuar a acreditar. Mas a estrutura de suas fibras profundas é feito harissa, cuscuz e Boukha e, mais cedo ou mais tarde, para encontrar a sua paz interior, eles precisam voltar a essa essência.
As profundidades de si mesmos, os judeus Tunes tirou um estilo de vida único para a mistura de valores árabes e judeus do Mediterrâneo e em forma durante os 10 séculos de residência na vizinha Tunísia. Este momento de passagem da civilização árabe civilização cristã ou civilização israelense é único em nossa história e vai ficar por muito tempo um momento decisivo em nossa consciência coletiva e individual.
A nossa verdadeira identidade, hoje, nossas escolhas e nossas aspirações têm toda a sua origem e explicação nesta matriz original ou vamos nós.

O OBJETIVO DESTE WEB

O objetivo dessa abordagem é recriar esse patrimônio, enriquecida por todas as entradas externas possíveis e oferecer de forma permanente a todos os interessados. O ideal é fazer uma cova cheia de todos os elementos do nosso passado ou poderia vir relaxar quando surgir a necessidade.
Além disso, é importante manter para as gerações futuras, um documento que era antes do novo mundo em que vivemos hoje e viver amanhã. E não se esqueça de que os nossos filhos e netos não deixará de pedir desses vestígios de seu passado que vêem ao seu redor, mas eles nunca serão conhecidas. E mesmo se eles não pedem de imediato, é nosso dever deixar a nossa evidência histórica.


CONVITE

Então eu convido todos os interessados ​​a participar nesta aventura comigo neste esforço, enriquecendo o conteúdo deste site. Fotos, artigos, histórias, testemunhos, arte, receitas, costumes e tradições são bem-vindos e só vai aumentar a riqueza do nosso património para, finalmente, remover e apertar a essência da medula "Tunes".

PORQUE HARISSA.COM

O que poderia representar melhor a harissa judeus tunisianos? Sua bela e rica de cores, a suavidade, o seu sabor picante e os seus efeitos conhecidos sobre o humor, o estômago e os germes de todos os tipos são, na minha opinião, não tem mais próximo judeu tunisino.
L’histoire des Juifs en Tunisie s’étend sur près de deux mille ans. Attestée au IIe siècle mais sans doute plus ancienne, la communauté juive en Tunisie croît à la suite de vagues d’immigration successives et d’un prosélytisme important avant que son développement ne soit freiné par des mesures anti-juives à l’époque byzantine.
Après la conquête musulmane de la Tunisie, le judaïsme tunisien passe de périodes de relative liberté voire d’apogée culturel à des temps de discrimination plus marquée. L’arrivée sur son sol de Juifs expulsés de la péninsule Ibérique, souvent par l’intermédiaire de Livourne, modifie considérablement son visage. Sa situation économique, sociale et culturelle s’améliore fortement à l’avènement du protectorat français avant d’être compromise durant la Seconde Guerre mondiale, avec l’occupation du pays par l’Axe. La création d’Israël en 1948 suscite une réaction antisioniste généralisée du monde arabe, sur laquelle se greffent l’agitation nationaliste, la nationalisation d’entreprises, l’arabisation de l’enseignement et d’une partie de l’administration. Les Juifs quittent la Tunisie en masse à partir des années 1950, en raison des problèmes évoqués et du climat hostile engendré par la crise de Bizerte en 1961 et la guerre des Six Jours en 1967. La population juive de Tunisie, estimée à environ 100 000 individus en 1948, n’est plus que de 1 500 individus en 2003, soit moins de 0,1 % de la population totale. Ces Juifs vivent principalement à Tunis, avec des communautés présentes à Djerba, Sfax, Sousse et Nabeul.
La diaspora juive de Tunisie est répartie entre Israël et la France, où elle a préservé son identité communautaire, au travers de ses traditions, majoritairement tributaires du judaïsme séfarade, mais conservant ses spécificités propres. Le judaïsme djerbien en particulier, considéré comme plus fidèle à la tradition car resté hors de la sphère d’influence des courants modernistes, joue un rôle dominant1.

La Constitution tunisienne unique dans le monde arabe

La Constitution tunisienne unique dans le monde arabe

La Tunisie adopte une Constitution 'unique dans le monde arabe' - Trois ans après une révolution qui a déclenché  'le printemps arabe' et changé la physionomie de la région, la Tunisie a adopté dimanche soir une nouvelle Constitution qui consacre les libertés et les droits, assure l’égalité entre les sexes et instaure un Etat civil. Le texte fondateur de la 2ème République, après la première née de la première Constitution de 1957, a été adopté en séance nocturne par  200 voix, soit nettement plus des deux tiers des 217 députés que compte l’Assemblée nationale constituante (ANC), exigés par la loi organisant les pouvoirs publics. 

Douze députés ont voté contre et quatre se sont abstenus.

'C’est un jour historique', a commenté la député Karima Souid relayée par plusieurs de ses collègues au moment où l’hémicycle parlementaire résonnait au son de l’hymne national entonné en chœur par les élus. 

Le président de l'ANC, Mustapha Ben Jafar, a déclaré que cette Constitution, sans être parfaite, était celle du consensus.

'Nous prenons aujourd'hui un nouveau rendez-vous avec l'Histoire pour bâtir une démocratie fondée sur le droit et l'égalité et qui ouvre de nouvelles perspectives d'avenir pour la Tunisie', a-t-il dit.

Cet aboutissement, fruit d’un long et âpre processus, représentait l’étape cruciale à même de favoriser la réussite d’une transition démocratique devant être scellée par des élections générales prévues à la fin de cette année 2014.

Son adoption intervient le même jour de l’annonce d’un nouveau gouvernement conduit par Mehdi Jomaa, un indépendant et composé de personnalités apolitiques, appelé à gérer la dernière étape précédant les élections. 

Un des points forts de la nouvelle Loi fondamentale réside dans ce que le juriste Slim Loghmani appelle 'le compromis historique entre l’identité et la modernité', résultat d’un 'consensus national', au terme de négociations, de tensions, de luttes et de conflits.

Il estime que le texte adopté est 'en avance sur la question de l’identité culturelle lancinante dans les pays arabes qui révèle des déchirures identitaires dans ces pays'.

'Le progrès réalisé se situe incontestablement dans la consécration claire et nette de la liberté de conscience et de religion, c’est-à-dire la liberté de ne pas avoir de religion et la liberté d’opter pour la religion de son choix', explique cet expert en Droit constitutionnel dans un entretien avec la PANA.

Pour y parvenir, le parti islamiste 'Ennahdha', majoritaire, a dû, sous une forte pression de l’opposition et de la Société civile, renoncer à son projet d’inscrire dans l’article 1er la Charia comme source principale de droit.

L’article 6 ayant trait à la religion a cependant suscité des débats souvent houleux entre les courants conservateur et laïc.

L’examen de cette question particulièrement sensible dans un pays dont la population de quelque 11 millions d’habitants est à une écrasante majorité musulmane (plus de 98 pc), avec des minorités juive et chrétienne, a retardé l’adoption finale de la Constitution, initialement prévue pour le 14 janvier, date anniversaire de la chute du régime totalitaire de l’ancien président Ben Ali.

L’article controversé stipule que 'l’Etat est gardien de la religion: il garantit la liberté de croyance et de conscience et le libre exercice du culte; il est le protecteur du sacré, garant de la neutralité des mosquées et des lieux de culte par rapport à toute instrumentalisation partisane'.

'L’Etat s’engage à diffuser les valeurs de modération et de tolérance, à protéger les sacrés de toute violation, à proscrire l’accusation d’apostasie et l’incitation à la haine et à la violence et à s'y opposer'.

La représentante de l'ONG de défense des droits humains, Human Rights Watch (HRW), Emna Guellali, a fait une appréciation positive du texte qui, selon elle, nécessite cependant 'une vigilance' de la Société civile pour veiller au respect de ses dispositions.

Une autre particularité de la Constitution tunisienne se situe au niveau du statut, 'sans précédent dans le monde arabe', qu’elle reconnaît à la femme.

Des dispositions dans ce sens ont été votées à une grande majorité.

Ainsi, l’article 20 consacre clairement 'l’égalité entre citoyens et citoyennes en droits et en devoirs'.

Un autre article (40) dispose que 'l’Etat s’engage à respecter et à promouvoir les acquis de la femme', en allusion aux droits que lui accorde le Code du statut personnel (CSP) promulgué en 1956 sous le premier président tunisien Habib Bourguiba et qui était considéré à l’époque comme 'révolutionnaire' et qui a aboli la polygamie et ouvert la voie à l’émancipation de la femme tunisienne.

Le même article dispose de surcroît que 'l’Etat s’attache à œuvrer en faveur de la parité hommes/femmes dans les institutions élues', en dépit de réserves formulées par des élus des deux sexes qui préféraient qu’une telle parité soit assurée plutôt dans les candidatures et 'que le meilleur gagne', opinera M. Loghmani.

Quant à l’impact de l’adoption de la nouvelle Constitution sur l’amélioration la situation en Tunisie, l'expert s’attend à 'un effet de soulagement sur le Tunisien moyen impatient de voir se terminer une période transitoire qu’il a trop supportée, subie'.

M. Loghmani considère qu’elle sera, d’un autre côté, 'à même de rassurer les partenaires étrangers et internationaux de la Tunisie, le processus étant empreint d’une dynamique positive de nature à les tranquilliser'.

'Ce qui sera cependant un bon signal aussi bien pour les investisseurs tunisiens et étrangers, ce sera l’organisation de bonnes élections libres et transparentes qui sera un gage réel de stabilité et de reprise de la machine économique', estime-t-il.
A Constituição tunisina única no mundo árabe
Tunísia adota uma Constituição única no mundo árabe " - Três anos depois de uma revolução que desencadeou " a Primavera Árabe e mudou a cara da região , a Tunísia aprovou uma nova constituição domingo à noite que consagra os direitos e liberdades , garante a igualdade de gênero e cria um estado civil. O fundador da 2 ª República texto após o primeiro nascido da primeira Constituição , de 1957 , foi adotado por 200 votos da sessão da noite, mais de dois terços dos 217 deputados da Assembleia Nacional Constituinte ( ANC ) , exigido por lei a organização do governo.

Doze membros votaram contra e quatro se abstiveram.
" Esta é uma história dia " , comentou o vice- Karima Souid retransmitida por outras pessoas quando a câmara parlamentar ecoou ao som do hino nacional cantado em coro pelos políticos.
O presidente do ANC Mustapha Ben Jafar , disse que a Constituição , não é perfeito, foi o consenso.
Hoje vamos dar um novo compromisso com a história para construir uma democracia baseada na lei e na igualdade e abre novas perspectivas para a Tunísia " , ele disse .
Este resultado , o resultado de um processo longo e amargo , representou a etapa crucial necessária para promover o sucesso de uma transição democrática para ser selado por eleições gerais no final deste ano de 2014.
Adoção vem no mesmo dia do anúncio de um novo governo liderado por Mehdi Jomaa , uma personalidade independente e apolítica composto chamado para gerenciar o último passo antes das eleições.
Um dos destaques da nova Lei Fundamental está no que o advogado Magro Loghmani chamado " compromisso histórico entre identidade e modernidade" , o resultado de um " consenso nacional" , após negociações, tensões, lutas e conflito.
Ele acredita que o texto aprovado é " à frente da questão lancinante da identidade cultural nos países árabes revela lágrimas de identidade nesses países.
" O progresso está claramente em uma consagração clara e distinta da liberdade de consciência e de religião , ou seja , a liberdade de não ter uma religião e liberdade de escolher a religião de sua escolha" diz o especialista em direito constitucional , em entrevista à PANA .
Para conseguir isso, a maioria partido islâmico " Ennahda " , tinha , sob forte pressão da oposição e da sociedade civil , abandonar seu plano para incluir no artigo 1 º da Sharia como a principal fonte de direito.
Artigo 6 º relativas à religião , no entanto, muitas vezes provocou acalorado debate entre correntes conservadoras e seculares.
A análise desta questão particularmente sensível em um país cuja população de cerca de 11 milhões de habitantes, é uma maioria muçulmana esmagadora ( mais de 98 pc) , com minorias judaicas e cristãs , atrasou a aprovação final da Constituição , prevista originalmente para 14 de janeiro , o aniversário da queda do regime totalitário do ex-presidente Ben Ali .
O polêmico artigo estabelece que " o Estado é o guardião da religião : ela garante a liberdade de crença e de consciência, o livre exercício da religião , ele é o protetor do sagrado , garantindo a neutralidade de mesquitas e lugares de culto comparado a manipulação partidária .
' O Estado compromete-se a divulgar os valores de moderação e tolerância, para proteger sagrado qualquer violação de proibir a acusação de apostasia e de incitamento ao ódio e à violência e se opõem .
O representante das ONG de direitos humanos Human Rights Watch (HRW ) , Emna Guellali , fez uma avaliação positiva do texto , de acordo com ela, no entanto, requer uma vigilância "da sociedade civil, para garantir o cumprimento da sua disposições .
Outra característica da Constituição da Tunísia está em estado de " sem precedentes no mundo árabe " , ele reconhece a mulher.
Disposições para este efeito foram aprovadas por ampla maioria .
Assim, o artigo 20 consagra claramente a "igualdade entre os cidadãos em direitos e deveres.
Outro artigo (40) afirma que " o Estado compromete-se a respeitar e promover as conquistas das mulheres " , referindo-se a seus direitos ao abrigo do Código do Estatuto Pessoal (CSP) promulgada em 1956, sob o primeiro presidente da Tunísia Habib Bourguiba e foi considerado na época como "revolucionária" e que aboliu a poligamia e abriu o caminho para a emancipação das mulheres tunisianas .
Os mesmos estados do artigo, além disso, que "o Estado tem o compromisso de trabalhar para gênero / mulheres em instituições eleitas ' , apesar das reservas por parte dos representantes eleitos de ambos os sexos que preferiam que tal paridade é garantida em vez nomeações e ' o melhor homem ganhar ' opinera Mr. Loghmani .
Sobre o impacto da adoção da nova Constituição em melhorar a situação na Tunísia , o especialista espera um efeito aliviar a espera média para ver final da Tunísia um período de transição que tem suportado também, sofrido.
Mr. Loghmani considera que ele vai , por outro lado, " capaz de tranquilizar os parceiros estrangeiros e internacionais da Tunísia , o processo é marcado por uma dinâmica positiva na natureza para acalmar .
" O que vai ser, no entanto , um bom sinal para os investidores tunisinos e estrangeiros , será a organização de eleições livres e transparentes boas para ser uma verdadeira fonte de estabilidade e recuperação da máquina econômica" , diz ele.

terça-feira, 4 de março de 2014

CUSCUZ BEJA (BORZGUENE) (Tunísia)

CUSCUZ BEJA (BORZGUENE) (Tunísia)

Ingredientes (4 pessoas):

1,5 kg de cordeiro, 1 kg de cuscuz RANDA, datas 500g, 500g multas descascadas 500g nozes descascadas, manteiga 300g, pinhões 100g, 1 litro de leite, 2 colheres de chá de açúcar, ½ colher de sopa de pimenta, ½ colher de sopa de açafrão e sal.

Preparação:

Ferva o leite e reserve, umedeça o cuscuz com um copo de água e colocá-lo no coador vapor. Corte a carne em pedaços de tamanho médio, polvilhe com pimenta, açafrão, sal e cozinhe em fogo médio no fundo do panela a vapor com 250 gr de manteiga por alguns minutos. Adicione o açúcar, o leite e deixe ferver, em seguida, colocar o filtro na parte inferior do panela a vapor e fazer cuscuz com leite fervido duas vezes. Ao mesmo tempo para cozinhar as amêndoas no forno durante alguns minutos, e moer. Separe algumas nozes para enfeitar e moer o restante e misture com as amêndoas moídas e pinhão.  as tamaras,  com manteiga e corte o restante em cubos pequenos. Apresentação: Espalhe metade do cuscuz em uma tigela, coloque frutas secas metade, finalmente, espalhe o restante do cuscuz e decore com a outra metade de nozes. Coloque os pedaços de carne, recheado tamaras  e nozes. Sirva quente com requeijão.
 Chaque année la ville du Kef se prépare à célébrer à la mi-mai la fête du borzgane (ou fête de Mayou) qui remet au goût du jour le traditionnel couscous keffois.

C'est aussi une occasion pour la population de faire ses adieux au printemps et d'accueillir la saison des moissons.
Todos os anos, a cidade de El Kef se prepara para celebrar em borzgane meados de maio Day (ou bebê Mayou) que traz o dia cuscuz tradicional keffois.

Esta é também uma oportunidade para o público para se despedir de primavera e acolher a época de colheita.

entrevista do irmão O Slim Fsili é diretor de um operadora de turismo, com sede na capital paulista, chamada Gold Experiences Tour, que tem foco em três países: Tunísia, Malta e Marrocos.



Fsili em frente ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (foto arquivo pessoal)
Fsili em frente ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (foto arquivo pessoal)

Conheci o Slim Fsili em um evento sobre o turismo na Tunísia, anos atrás, aqui em São Paulo, no hotel Intercontinental. Estava a trabalho  . Depois o vi – e ainda o vejo – algumas vezes em outros eventos e também em feiras do turismo. Ele é tunisiano, mas nasceu em Paris, na França. Seus pais, sim, nasceram na Tunísia.
O Slim Fsili é diretor de um operadora de turismo, com sede na capital paulista, chamada Gold Experiences Tour, que tem foco em três países: Tunísia, Malta e Marrocos. No última dia 6 completou sete anos de vivência no Brasil.
“Ah, com certeza vai render uma boa entrevista para o blog”, pensei, antes de saber se ele topava concedê-la. Pessoa muito simpática, ele aceitou na hora e o resultado você lê agora.
Blog – Slim, você nasceu na França, em qual cidade e em qual ano? Seus pais e avós têm qual origem?
Slim Fsili – Nasci em 1973 na Cidade de Luz: Paris. Meus pais são da Tunísia.
Fsili posa junto ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (foto arquivo pessoal)
Fsili posa junto ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (foto arquivo pessoal)
Blog – Você comemorou sete anos no Brasil em 2013? Por que você veio para o Brasil?
Fsili – Era um sonho de morar no Brasil. Gosto da praia, de vôlei de praia, da música, da cultura brasileira, da alegria do povo e da beleza das brasileiras… Além disso, é um País cheio de oportunidades. Mas antes de ir pra Brasil, eu tinha outra ideia totalmente diferente. Tinha medo, pois a imagem do Brasil lá fora é a de um País perigoso. Um dia tive a oportunidade de encontrar Paulo Coelho na Tunísia, e ele me convenceu que não é tão perigoso como eu imaginava e que tenho de ir atrás dos sonhos.
Blog – Você sempre trabalhou com turismo? Por que está nesse setor?
Fsili – Eu morava em Paris, uma das cidades que recebe mais turistas no mundo. Depois mudei para a ilha de Djerba, na Tunísia, uma ilha que recebe 2 milhões de turistas por ano. Então sempre estava ligado com cidade turística e desde de criança trabalhava durante as férias escolares – três meses durante o verão – em hotéis, barcos turísticos. Fui criado com turismo. Depois estudei marketing e trabalhei durante quatro anos em diferentes setores e resolvei voltar para o turismo, que gosto. Além disso, gosto de viajar. Então aproveito: trabalhar e viajar no mesmo tempo.
Blog – Você gosta de falafel e shawarma? Por quê?
Fsili – Gosto muito de falafel e shawarma, pois me lembram a comida da mamãe e da Tunísia…
Localização da Tunísia e da capital, Túnis, com a bandeira do país (© Google Maps)
Localização da Tunísia e da capital, Túnis, com a bandeira do país (© Google Maps)
Blog – Quais são as suas dicas para comer falafel aqui em São Paulo?
Fsili – Aconselho o Arabesco. Ali tudo é gostoso e bem temperado. E o Rei do Falafel, que fica no Brás. Simples e bom, além disso fica entre as lojas. Parece que você está no Oriente Médio.
Blog – Quais são as suas dicas para comer kebab ou shawarma aqui na capital paulista?
Fsili – Aconselho o Pita Bar. É um ambiente super bacana, com vários tipos de Kebab.
Fsili junto a um painel na cidade de Kairuán, na Tunísia (foto arquivo pessoal)
Fsili junto a um painel na cidade de Kairuán, na Tunísia (foto arquivo pessoal)
Blog – Você viaja bastante tanto no Brasil quanto no Exterior. Você prova, quando há oportunidade, kebab ou falafel nessas viagens? Por quê?
Fsili – Quando viajo no Brasil tento sempre experimentar algumas coisas locais, mas quando viajo para um país árabe sempre eu tento de comer um kebab, pois lá é original…
Blog – Você é um grande especialista em Tunísia. Dê algumas dicas de boas casas de falafel e shawarma em Túnis e outras cidades daquele país.
Fsili – Em Túnis seria muito difícil dar dicas, pois você vai encontrar shawarma em cada esquina e a maioria são muito bons. Aconselho experimentar o restaurante Turki, que fica na Galeria Coliseu no bairro El Manar.
Blog – Você é um grande especialista também em Malta e Marrocos. Dê algumas dicas de boas casas de falafel e shawarma nesses dois países.
Fsili – Em Casablanca, sem dúvida: Aladdin Shawarma. Em Malta não há muitas casas de falafel e shawarma.
Mesa no restaurante Aladdin Shawarma, em Casablanca, no Marrocos (foto Mohammed A.,, em 23/12/2013)
Mesa no restaurante Aladdin Shawarma, em Casablanca, no Marrocos (foto Mohammed A.,, em 23/12/2013)
Mapa com a localização do Marrocos e de Casablanca ((© Google Maps)
Mapa com a localização do Marrocos e de Casablanca ((© Google Maps)
Blog –Falafel e shawarma na Tunísia, no Marrocos e em Malta: há alguma característica que difere esses dois sanduíches de outros servidos em outros países? O que seria?
Fsili – A única coisa diferente são os temperos. Na Tunísia é a harissa, que é bem apimentada.
Harissa:  mistura de temperos típica da região do Magreb, no norte da África (foto © Wikipedia)
Harissa: mistura de temperos típica da região do Magreb, no norte da África (foto © Wikipedia)
Blog – Falafel e kebab: no prato ou no pão (pita ou folha)? Por quê?
Fsili – Falafel no prato e kebab no pão (folha). Acho que é costume.
Fsili nas ruínas de Dougga, na Tunísia: Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1997 (foto arquivo pessoal)
Fsili nas ruínas de Dougga, na Tunísia: Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1997 (foto arquivo pessoal)
Blog – Gosta de batatas fritas dentro de um falafel ou kebab? Por quê?
Fsili – Gosto de batata frita fora do kebab.
Blog – Qual é a bebida que você gosta para acompanhar um kebab ou um falafel?
Fsili – Um refrigerante ou suco de laranja. Mas depois para a digestão tem de ter um chá de hortelã.
Blog – Qual é a sobremesa que você escolhe para comer após saborear um kebab ou um falafel?
Fsili – Sorbet de limão.
Fsili no deserto em Zaafrane, na Tunísia (foto arquivo pessoal)Fsili no deserto em Zaafrane, na Tunísia (foto arquivo pessoal)

domingo, 2 de março de 2014

Esqueça as praias e aventure-se pelos desertos da Tunísia

ANA LUCIA BUSCH

Para italianos, franceses e alemães, a Tunísia pode ser considerada "carne de vaca". Faz parte dos roteiros obrigatórios de agências de viagens, que lotam o litoral do país com ônibus de turismo, e os mercados, de compradores em potencial. Mas como balneário, a Tunísia decepciona os brasileiros. Para conhecer o país, é melhor esquecer as praias sem graça e lotadas no verão, os hotéis ditos de luxo, que sempre provocam a sensação de que faltou alguma coisa, e deixar em casa qualquer intenção de mudar o mundo, pelo menos o mundo deles.

Ana Lucia Busch
Mulheres no centro de Khairouan
Mulheres no centro de Khairouan
Para um ocidental, pode ser assustador ouvir, por exemplo, histórias de mulheres que passam a vida enclausuradas dentro de casa --e é justamente aí que começam as primeiras lições para quem chega ao país: perguntar às vezes ofende, questionar pode ser um erro fatal.

Exageros à parte, há sim assuntos difíceis de engolir para os tunisianos, a começar pela própria imagem dos povos muçulmanos no exterior, segundo eles, ligada somente ao terrorismo, sem levar em conta a simpatia que dispensam aos turistas e a calma em que vivem os cidadãos comuns.

Comentários envolvendo os vizinhos Líbia e Argélia ou outros países árabes, referências à guerra do Golfo ou elogios aos EUA devem ser cuidadosos. Não há violência no país, mas uma frase mal colocada pode causar extremo mal-estar. Questões sobre a eficiência do governo do presidente Ben Ali, no poder desde 1987, ficam sempre sem resposta.

Mesmo quando há sinais de desagrado, ninguém ousa falar mal do governante, e fotos dele se espalham por todas as lojas, hotéis, bares e restaurantes, literalmente sem exceção.

Detalhes

Ana Lucia Busch
Homem em Douz, à beira do Saara
Homem em Douz, à beira do Saara
Mas esse estranhamento inicial dura pouco, principalmente para quem se aventura pelo interior, chegando até o Saara. Nos 450 km que ligam a capital Túnis à Douz, na entrada do deserto, paisagens, arquitetura e costumes mudam drasticamente a cada ponto de parada. As deliciosas comidas típicas, com couscous e muita carne de carneiro, também desfilam sabores diversos, como tudo, um pouco movidos pela ânsia de agradar os visitantes, perfeitamente exemplificada pela maneira como os nativos chamam suas cidades.

Cada pequeno fim de mundo vai ser tratado como "a capital da cerâmica", "a capital da tapeçaria", "a capital do vinho" e assim por diante. Para ir se aclimatando, a melhor porta de entrada é mesmo a capital Túnis, simpática, ocidentalizada mas com poucas atrações além do mercado e das mesquitas no interior da medina --a cidade antiga, murada.

Comprar é uma aventura como descrita em qualquer artigo sobre países de tradição árabe e que, às vezes, parece um pouco caricatural, com negociações começando em US$ 100 e terminando em US$ 5. Faz parte! Feitas as primeiras compras, reserve um bom tempo para visitar a coleção de mosaicos romanos, bizantinos e cartagineses, no museu do Bardo.

Está lá a fonte do pouco que se sabe sobre a vida cotidiana da cidade de Cartago, fundada no ano de 800 a.C. pelos fenícios e destruída pelos romanos 146 a.C., ao final das guerras púnicas contra Roma. O mais que restou do local são poucas ruínas no subúrbio de Túnis, abertas à visitação, mas com pouco a acrescentar à própria história. Mais interessante, a cidade de Sidi Bou Said, um pouco à frente na mesma direção, rende uma boa tarde de diversão e dá por encerradas as visitas à costa mediterrânea. A região conhecida como Cap Bon, a nordeste, louvada aos quatro ventos como um pedaço do paraíso, deve ser solenemente ignorada.

Ruínas

Deixando Túnis, passe ao roteiro de ruínas romanas começando pelo aqueduto de Zaghouan, com 60 km de extensão, que, no século 2, abastecia a costa norte do país.

Próximo ao Museu do Bardo, na capital, já é possível ver algumas de suas estruturas, mas elas só vão surgir com todo seu esplendor nas proximidades de Thuburbo Majus, um sítio arqueológico a oeste de Zaghouan. Bem próximo da costa leste, na continuação da viagem, o coliseu de El Djem, concluído em 230 DC, faz parecer pobres as ruínas de Zaghouan.

Menor, mas mais bem conservado que o de Roma, o anfiteatro permite conhecer de perto os bastidores de lutas e competições do antigo império romano. Após um passeio pelas arquibancadas, a visita às catacumbas, antigas prisões nos subterrâneos e jaulas de animais, chega a assustar.

Ana Lucia Busch
Templos de Júpiter, Juno e Minerva, na antiga cidade romana de Sufetula
Templos de Júpiter, Juno e Minerva, na antiga cidade romana de Sufetula

Continuando à sudoeste, chega-se às ruínas da cidade romana de Sufetula, hoje conhecida como Sbeitla. Mosaicos que ainda sobrevivem no chão dos antigos templos, banhos decorados algumas vezes com motivos cristãos, restos de habitações comuns e igrejas bizantinas são apenas paisagem enquanto não se chega ao Fórum, onde templos dedidcados a Jupiter, Juno e Minerva permanecem quase intactos. Da história à religião, todos os caminhos passam por Kairouan, cidade sagrada para os muçulmanos, que só perde em importância para Meca e Medina, na Arábia Saudita. Como chegar às duas últimas é tarefa difícil para não-muçulmanos, a Grande Mesquita de Kairouan talvez seja a única chance de se aproximar dos territórios sagrados por onde, diz a tradição, passou o profeta Maomé. Reerguida diversas vezes até o século 9, a Grande Mesquita parece ter sido construída com o que restou de civilizações que passaram pelo local antes da chegada do Islã.

Ana Lucia Busch
A grande mesquita, onde, diz a tradição, esteve o profeta Maomé
A grande mesquita, onde, diz a tradição, esteve o profeta Maomé

A imensa colunata que circunda o pátio interno não tem sequer uma coluna idêntica à outra, cada uma delas de período e material diferente. Com aspecto quase militar, a construção perde em beleza para a Mesquita do Barbeiro, com decoração refinada em franco contraste com a austeridade da Grande Mesquita.

Calor

Sempre bom lembrar que, como a maioria das cidades do interior, Kairouan é conservadora para os padrões ocidentais e as visitas às mesquitas devem ser cercadas de cuidado redobrado. Roupas discretas, cabelos presos, calças compridas para os homens --e saias longas para as mulheres-- são boa idéia em qualquer época do ano.

Qualquer um que tenha considerado o trajeto até Kairouan espinhoso ou estranho deve parar por aqui: o sul da Tunísia é, a um tempo, inóspito e acolhedor --estradas ruins, hotéis lotados, escassez de restaurantes são uma constante nas regiões mais áridas.

Mesmo assim continue firme, desligue um pouco do Saara e entre em cada canto para conhecer os desertos de montanha e de pedra, às vezes mais secos e impressionantes que os mares de areia. Saem os religiosos e os habitantes comuns das cidades, entra em cena gente acostumada a viver sob a terra, nas chamadas habitações trogloditas, incrustradas em montanhas de pedra, em vilarejos que lembram a paisagem lunar, ou em tendas beduínas, dormindo ao relento.

Roupas coloridas substituem os hábitos brancos ou negros entre as mulheres, dromedários e carros com tração nas quatro rodas --que lotam as estradas-- passam a ser o melhor meio de locomoção --embora seja impossível alugar um carro desse tipo, exclusividade de agências de turismo.

Os dromedários, sim, podem ser encontrados em qualquer lugar a US$ 50 por dia, incluindo dois "cameleiros", uma tenda e comida para uma ou várias noites no deserto. Proxima à fronteira com a Argélia --as autoridades locais recomendam que não se passe dali!-- Chebika e Tamerza são oásis no meio do nada, rodeadas por desertos de sal (lagos de água salgada, secos durante a maior parte do ano).

Basta uma tarde para conhecer as montanhas, percorrer a pé o leito seco dos rios e chegar às plantações de tâmaras e palmeiras, fazendo sombra a pequenos riachos ladeados por pedregulhos. Partindo para o sul, o calor aumenta e chega a ser insuportável mesmo no inverno. De oásis em oásis, chega-se em Tozeur, uma simpática cidade construída em tijolos aparentes, com um vívido mercado, e clima fresco trazido pelos palmeirais, e dali para Nefta, um vilarejo na fronteira entre desertos de sal e areia, de onde se pode empreender viagens de balão ao nascer do sol.

É nessa região que está uma das paisagens mais espetaculares do país, o Chott El Djerid, um imenso lago, quase sempre seco, que divide a Tunísia ao meio. As planícies de puro sal criam miragens no horizonte durante todo o trajeto, que por duas horas percorre uma pequena estrada de terra, cuja única vida são vendedores de tâmara a cada quilômetro.

A leste do Chott El Djerid, começa o Saara. Para não perder nada, hospede-se em Douz, passeie de dromedários, passe uma noite no deserto, contrate um passeio de carro até um antigo forte construído durante a Segunda Guerra Mundial.

Pelo caminho, restos de cidades engolidas pela areia, pequenos oásis de palmeiras, fontes modestas lotadas de gente em busca de água, dezenas de dromedários levando turistas e beduínos.

A partir daí, seguindo em direção à costa, as estradas só pioram, mas cidades se tornam cada vez mais curiosas e fazem valer a pena o sacrifício. A chegada a Matmata é um resumo dessa região do país. Quase não há construções à vista. Mesmo assim, há várias centenas de pessoas morando em habitações subterrâneas, escavadas para fugir do calor das pedras que cobrem a superfície. Não há jeito melhor de entender o porquê disso tudo que se hospedar em um dos dois hotéis enterrados da cidade.

Os quartos são quase claustrofóbicos, mas a temperatura mais fresca à noite compensa. No bar do Touring Club de Tunisie Marhala, George Lucas gravou cenas de "Guerra nas Estrelas".

Mais um episódio, que relata um período anterior ao descrito na primeira trilogia, foi filmado no início do ano em Chenini, uma aldeia construída em pedra como uma espiral ao redor de uma montanha, em cujo topo figura um pequena mesquita branca, contrastando com os tons terra do restante das construções.

Apesar do cenário fantasmagórico, 500 pessoas ainda vivem lá. Nos arredores, dezenas de pequenos vilarejos de pedra tornam o ambiente cada vez menos acolhedor. Os habitantes pouco acostumados a turistas, podem ser até um pouco agressivos. Como a última experiência antes de deixar o país, durma pelo menos uma noite em um das dezenas 'ksar' espalhados pelo sul.

São depósitos construídos por volta do século 13 por beduínos, para armazenas alimentos durante suas peregrinações pelo deserto. Há um hotel instalado em uma dessas construções em Ksar Haddada. Dali parta para conhecer Ksar Ouled Soltane, em melhor estado de conservação. Dali, a volta para Túnis de carro é cansativa, demorada e até mesmo um pouco perigosa.

Sempre resta a opção de pegar um vôo com a Tunis Air, que resume o trajeto em pouco mais de uma hora, mas priva o viajante de rever as paisagens. Oriente não tão longínquo, estranho mas nem tanto, a Tunísia resume o norte da África para quem gosta de história e aventura, mas prefere evitar os países vizinhos, nem tão calmos, nem tão hospitaleiros.

V Festival Sul-Americano da Cultura Árabe (SACA), promovido pela Bibli-ASPA: Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes de 18 a 31 de março, a BibliASPA, o Ministério da Cultura da Tunísia, a Embaixada da Tunísia no Brasil e o Centro Cultural São Paulo promovem em São Paulo:

MÚSICA TUNISIANA EM SÃO PAULO E BRASÍLIA
Como parte do V Festival Sul-Americano da Cultura Árabe (SACA), promovido pela Bibli-ASPA: Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes de 18 a 31 de março, a BibliASPA, o Ministério da Cultura da Tunísia, a Embaixada da Tunísia no Brasil e o Centro Cultural São Paulo promovem em São Paulo:

Dia 22/03/2014 CONVERSA SOBRE A MÚSICA DA TUNÍSIA
Sábado, das 15h às 17h - Sala Jardel Filho - entrada franca
Local: Centro Cultural São Paulo
RUA . Vergueiro, 1000 - Paraíso
São Paulo - SP
(11) 3397-4002

A música tunisiana reúne tradições locais, africanas, árabes e turcas, além de elementos da Andaluzia. Essa atividade abordará na prática todas essas influências e será conduzida por músicos do Centro de Músicas Árabes e Mediterrâneas Ennejma Ezzahra, que vem ao Brasil pela primeira vez, como fruto de uma parceria com a BibliASPA, mostrar essa rica sonoridade utilizando instrumentos tradicionais como a rababe, o alaúde, o tar (espécie de tamborim) e as nagharat (par de timbales).
Haverá tradução durante a conversa.

Dia 23/03/2014 NUBAH SIQAH (Tunísia)
Domingo, às 18h - Sala Adoniran Barbosa - entrada franca -
a bilheteria será aberta duas horas antes do início do show
Local: Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso
São Paulo - SP
(11) 3397-4002


A apresentação conta com músicos tunisianos considerados os melhores instrumentistas regionais: Dr. Makram Lansari (rababe e voz, líder do grupo e maestro), Imed Messaoud (alaúde e voz), Mohammad Abdel-Qadir al-Haj Qacim (percussão e voz), Abdel-Aziz Cherif (contrabaixo) e Mounir Hentati (diretor do Centro de Músicas Árabes e Meditarrâneas)

MÚSICA TUNISIANA EM BRASÍLIA
dia 20/03/2014 NUBAH SIQAH (Tunísia)
Quinta, às 2030h – Museu Nacional - entrada franca -
Local: Museu Nacional, em Brasília
http://www.youtube.com/watch?v=Kn2WlCY6kHE

DESABAFO 5 vantagens e 5 desvantagens) de morar fora... de ser estranGeiro...

....Antes de me mudar pra o brasil a trabalho eu tinha uma série de idéias de como seria esse negócio .
Mesmo as que eu esperava e sabia — por exemplo "dá saudades da família" — eu descobri que doía diferente do que eu pensava. Essa foi a primeira lição que eu aprendi: é tudo como você pensava, mas totalmente diferente do que você pensava.Como eu falo dos dois lados da moeda, é garantido de irritar todo mundo.

Tá, tá, vou tentar explicar. É uma curiosidade que muita gente tem. O problema é que esse assunto é cem por cento garantido de dar pau nos comentários. É batata (amassada com verdura e servida com lingüiça), o povo se altera, o amor acaba, sai batendo a tampa do laptop, os trolls se assanham, é uma lambança.

É fácil entender porque: eu falo de vantagens e desvantagens, coisas legais e dificuldades. E aí vem o leitor que tá sonhando em morar fora, lembrando das férias sensacionais que passou no brasil , estressado no trânsito e com medo de assalto e irritado com vizinho mal educado e político ladrão. E ao ler "olha morar fora tem certas dificuldades", ele sente o sonho ameaçado, fica irado, me xinga de mal acostumada, reclamadora de barriga cheia, etc e tal.

Só que eu também falo das coisas legais; e daí o leitor que tá aqui sofrendo choque cultural, que entende qualquer elogio a outro país como insulto pessoal ao seu senso de patriotismo, lê e fica irado, me xinga de deslumbrada, de colonizada, de paga pau de gringo. Etecetera e tal.

Mas olha só: morar fora é pra mim uma experiência sensacional. Hã, mencionei? Não tenho planos de voltar. Tô contente aqui. Sim, existem perrengues, e existem diversas vantagens, e eu nunca achei que algo precisa ser perfeito pra ser legal.

Tá, vamos lá. Primeiro as...Desvantagens de morar fora
1. Choque cultural dói

E não é pouco. Eu sempre lia sobre ele, mas só quando achatei o nariz nele eu entendi porque se chama "choque" cultural e não "transição suave e super tranqüila" cultural.

É o seguinte: cultura é visão de mundo, e ao mudar de cultura você tem sua visão de mundo desafiada, e se você acha que isso é fácil, bem-vindo à Terra, marciano. Não, cara, seres humanos sofrem quando a visão de mundo é desafiada e são forçados a mudar o jeito de pensar.

E de repente você está lá, lidando e negociando e vivendo e trabalhando e discutindo e criando filho entre pessoas que simplesmente não compartilham sua visão de mundo e, tipo, você é o estranho.

É difícil, e tem hora que sobe o sangue (especialmente quando alguém faz algo que na sua cultura é traduzido por "vamos pro pau agora porque eu simplesmente não te respeito", mas na cultura local quer dizer "todo mundo faz assim e é normal, não faço idéia de porque você tá estressado").

E aí tem toda a alegria de você começar a entender o que é diferença cultural e o que é loucura e piração específica da cabeça daquele indivíduo que tá te tirando do sério.
2. Reconstruir sua vida não é fácil.

Nós abrimos mão do nosso círculo social pra irmos a um país que não falávamos a língua, aprender a fazer tudo do começo porque, tipo, a gente não foi criado aqui e de repente não sabia nem onde comprar um parafuso ou onde arrumar o dente, todo aquele apoio que você tinha das pessoas e da segurança de saber se virar num país sumiu, e você tem de inventar sua vida de novo.

Foi meio apavorante.

Esse é um ítem que eu tenho certeza de que tem alguém correndo pros comentários pra gritar como isso é legal na verdade e que daria tudo pra estar no meu lugar. Eu só digo uma coisa: eu concordava com você. Até passar e descobrir que reconstruir vida é negócio trabalhoso e ter infinitas possibilidades sem ter idéia de por onde começar apavora, sim.

Eu sei que você acha que não. Eu também achava.

3. Os amigos se afastam

Prepare-se pra perder amigos. Não que eles deixem, assim, de ser seus amigos, ou que você irá brigar com eles, mas você irá perdê-los por simples e pura deriva continental, afastando um centímetro por ano, até haver um oceano entre vocês.
4. Distância da família e amigos dói (de um jeito que eu nem imaginava)

Eu achava que era assim, daria uma saudade, saca, de ir na casa da família todo domingo e tal, que seria incômodo, mas parte da vida. Eu estava enganado.

Não no começo, claro. No começo é bem assim. Mas com o passar dos anos, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer algo na sua família que você queria estar lá junto. E não pode.

Tanto coisas boas quanto ruins. Poxa, legal, Skype, coisa do futuro, super Os Jetsons, melhor que carta demorando duas semanas de navio. Certo.

Mas então, todos reunidos no lado de lá, todos falando contentes, aquele brilho no olhar, nós aqui pulando de alegria, querendo dar um abraço e não podendo, quando de repente, eles anunciam:

— Então temos de desligar, porque vamos todos naquele restaurante legal que a gente sempre ia pra comemorar.

E quando rolou o "bluft" de fim de ligação do Skype, fico eu a olhar pra tela fria do computador, quieta.

Demorei 2 anos e meio pra conhecer a minha sobrinha ao vivo.

E nem vou entrar no assunto de quando rola um perrengue forte — doença, falecimento, momentos chaves em que a sua força seria importante e você tá a quilômetros de distância, e Skype nessas horas ajuda picas. Não vou entrar no assunto porque aconteceu comigo e dói até hoje quando eu lembro.
5. Sempre serei estrangeira

Não tem jeito. Tem certas coisas que não se pega, mesmo morando anos e anos e anos e anos no lugar. Eu não fui criado aqui, eu não cantei as musiquinhas que eles cantaram na escola, eu não vi os mesmos desenhos animados com a dublagem engraçadinha daqui, eu falo com sotaque, tem piadas que vou morrer antes de entender, e por mais que eu adquira a cultura do lugar eu nunca serei nativa dela e isso se sobressai.

Além disso, sim, sempre tem aquele lance sutil e subentendido de "que que cê tá fazendo aqui?", mesmo quando é bem intencionado e não-agressivo. Por que você abandonou seu país?

Eu sempre serei "o de fora", o "que fala diferente", a "gringa" por assim dizer. E tem horas que isso cansa.

Por outro lado, se cansa, tem coisas que compensam, e de longe. Nem tudo é perrengue e dificuldade. Tem, sim, muitas...
Vantagens de se morar fora
1. Meu mundo ficou maior

E não só literalmente, com mais lugares diferentes que eu conheci, mas ficou maior dentro da minha mente. O choque cultural me forçou a perceber que minha visão de mundo está longe de ser a A Certa, mas mais ainda, está longe de ser A Única.

E isso é sensacional. De repente um mundo de possibilidades se abriu, e minha visão de realidade ficou muito mais rica, muito mais cheia de nuances que eu nunca teria visto se não tivesse me enfiado num avião com 2 malas de 32 quilos e nenhuma idéia do que me aguardaria dali pra frente.
2. Redescobrir a sua vida é muito legal

Se não fosse a mudança de país, eu nunca teria feito o blogge http://caminhosparadouztunisiablogspot.com Você não estaria lendo isso, pouco provável que eu tivesse um blog como uma empresa, onde eu estou inventando algo novo.

Às vezes precisamos engolir em seco e pularmos no abismo pra sair da inércia que estávamos. E por mais dolorido que seja esse processo, as recompensas podem ser amplas.
3. Minhas amizades ficaram mais diversas

Ok, verdade que me afastei de muitos amigos que ficaram no Marrocos . Por outro lado, conheci gente das mais diversas culturas, aprendi sobre países que eu só sabia o nome (e olhe lá) da melhor forma possível (conversando em meio a nativo de lá). Sim, claro, visitar o país é sempre bom, mas falar com um nativo, te contando, do seu pais e costumes e muito bom

E percebi que gente legal é gente legal em qualquer língua.

ser estrangeira não é fácil. Mas por outro lado, é muito libertador perceber, após seu primeiro expatriamento, que você tem o jogo de cintura necessário pra enfrentar o processo, que há muito o que se ganhar depois que se paga o preço de aprender pela dor e que sobreviveu ao vendaval do mundo lá fora.

E de repente o vendaval é mais um vento inflando suas velas e você se lembra que o mundo é grande, cheio de possibilidades e nada te prende a um lugar se você não quiser ficar preso.

Como disse o Calvin pro Haroldo, no livro é um mundo mágico, meu velho companheiro.

Vamos explorá-lo!