quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

a branca e azul ...esta e tunis

Excitante e movimentada. Branca e azul. Esta é Tunis.
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Branca e azul, francesa e árabe, mas com muita personalidade!
                  Uma brisa seca soprava no deck do Costa Mágica na manhã daquela quarta-feira.   Era o Sirocco,  o famoso vento de nome exótico que ocorre no verão nessa parte do Mediterrâneo.  Mal começara o dia, o relógio  marcava 7 horas, e aquele vento tão morno já denunciava o calor que viria.  
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Tudo o que eu havia lido sobre Túnis soprou na minha mente com a mesma delicada intensidade que o Scirocco
                 O enorme transatlântico finalizava sua manobra de atracação em La Goulette - o charmoso nome francês do Porto de Túnis -  que em legítimo árabe chama-se Halq al Wadi.     O grande golfo do mar Mediterrâneo ficara para trás, a estibordo, do outro lado do navio.  De minha varanda eu observava aquela manobra com grande interesse.   A atracação de um transatlântico pode ser uma atração turística quase tão importante quanto a própria cidade a ser visitada.   
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              Tanto pra quem está dentro quanto pra quem está fora do navio.  Num navio de cruzeiros não há a menor necessidade de conhecermos termos nauticos, mas uma curiosidade me fez saber o que é bombordo, estibordo, proa e popa.
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A atracação é uma atração turística quase tão importante quanto a própria cidade a ser visitada
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               Alternando o olhar, ora para a proa e a popa daquelas 105 mil toneladas se aproximando do concreto, ora para a cidade que se descortinava ao fundo, o vento me trazia dela cheiros e sons, ainda discretos devido à hora.  Naquele breve instante tudo o que eu havia lido sobre Túnis soprou na minha mente com a mesma delicada intensidade que o vento do Mediterrâneo.
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As portas das casas da Medina de Túnis - A artesã de tapetes de seda
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Na Medina de Túnis a caminho dos Souks...
                Pronto, eu havia tido minha primeira impressão da cidade de Túnis: delicada, cheirosa, fresca, morna, agradável e discreta.   Aquele sopro que vinha da terra -  misto saariano-mediterrâneo - não me fazia sentir exatamente um beduíno no deserto, mas evocava cada uma das imagens que eu tinha da Tunísia.  E mesmo que um terço do território tunisiano seja constituído pelo Saara, ele, o deserto vermelho, está a cerca de 600 quilômetros de Túnis.
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                Bem que eu desejava, mas não seria dessa vez que eu me sentiria um "Paciente Inglês" ou mesmo um "Lawrence das Arábias", personagens de alguns dos iúmeros filmes rodados na Tunísia.    Mas aquele “cheiro” de deserto trazido pelo Sirocco de fato me deixava ansioso.  Era hora de correr para o café-da-manhã e nos prepararmos para a excursão à cidade dali a duas horas!
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Pelas portas das casas demonstra-se o padrão das famílias
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           Entre o Saara e o Mediterrâneo
           La Goulette. O nome do porto desta cidade revela seu passado mais recente: francês. E Tunis é de fato muito mais do que a Capital de um país do norte da África, ao menos como imaginamos ser a Capital de um país árabe no norte da África. Mas ainda que as influências francesas sejam evidentes, não há dúvidas, estamos mesmo em um país árabe e numa cidade cheia de personalidade muçulmana. Você estará certo disso ao ler a placa com o sonoro e sofisticado nome francês e ao seu lado camelos para alugar, tudo junto a um transatlântico de 105 mil toneladas.    
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Na Medina, apenas os nomes de algumas ruas são franceses. Tudo mais é genuinamente árabe
           Se um dia desembarcar no porto de Tunis e entrar na cidade pela via costeira em direção à medina, que cidade do norte da África lhe terá parecido tão eficiente, limpa, sem mendigos e com mulheres vestidas moderna e ocidentalmente, mesmo estando num país muçulmano? Passe -  a caminho da Medina de Túnis - pelas belíssimas, grandiosas ruínas romanas de Cartago e não restará dúvidas, você está em Túnis, a agradável.
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Al-Jumhūriyyah at-Tūnisiyyah (República da Tunísia) Tunisia%20bandeira.gif
           Climaticamente falando, a Tunísia sofre duas principais influências: a primeira - do Mar Mediterrâneo - reduz as temperaturas e produz chuvas tropicais; a segunda - do Saara - que com os ventos secos e quentes do Sirocco (1), torna o ar seco e quente. Assim, basicamente o território tunisiano tem duas faixas climáticas: ao Norte, influencado pelo Mediterrâneo, e ao o Sul, pelo Saara. As temperaturas são moderadas ao longo da costa, com médias anuais em torno dos 20 graus centígrados, e bem mais quentes no interior, ao sul do país. As temporadas de Verão, no Norte, vão de Maio a Setembro, quando as tempetaturas são quentes e o clima seco. O Inverno vai de outubro a Abril, com clima chuvoso, mais frio e húmido.
(1) O Sirocco (do italiano, e em árabe ghibli) é um vento quente, muito seco, que sopra do Saara em direção ao litoral Norte da África. Este fenômeno causa gigantescas tempestades de areia no deserto e manifesta-se quando baixas pressões reinam sobre o mar Mediterrâneo. Freqüentemente o Sirocco, sem umidade devido ao efeito Föhn, cruza o Mediterrâneo atingindo com violência o sul da Itália e, em certas ocasiões, chega até à Costa Azul e à Riviera. A palavra Saara deriva da palavra tenere, que na língua tuaregue significa deserto. Portanto, saiba, Saara é “deserto”. Logo, “deserto do saara” é redundância.
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Um dos vários terraços das casas da Medina de Túnis
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A Tunísia é um novo horizonte turístico no norte da África
           O Marrocos, não há dúvida, tem muito mais a oferecer em termos turísticos e já é mundialmente reconhecida como um destino efetivo. É muito exótico o Marrocos, pleno de atrações e infra-estrutura. A Argélia, todavia, ainda é perigosa. A Líbia começa a sair da lista dos países completamente desconhecidos turísticamente, que já foram perigosos na época do Muamar Khadafi de outrora, para integrar - ainda que discretamente – os catálagos de destinos turísticos no norte da África das operadoras turísticas européias. A Tunísia, entretanto, é a bola da vez dessa parte da costa da África. E por muitos bons motivos:  entre a Líbia de Muamar Kadafi e a Argélia em guerra civil e de fundamentalistas islâmicos, a Tunísia é um oásis turístico seguro e confiável. E após a independência dos franceses, o país tornou-se também um oásis de estabilidade econômica, social e política.
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Brancos, azuis e ocres parecem ser as cores nacionais da Tunísia
           Túnis (ou تونس, em árabe) é a capital e a cidade mais famosa da Tunísia e fica muito pertinho da Europa (a 45 minutos de vôo de Roma e a duas horas de Paris), e foi o berço do império de Cartago, que lutou com Roma nas Guerras Púnicas, nos séculos 3º e 2º a.C. As ruínas do que era a antiga cidade-estado ficam no alto do morro Byrsa e são um dos pontos clássicos de visitação.
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As ruínas de Cartago
           Mais para o sul da cidade fica El Jem, onde há as ruínas do terceiro maior coliseu do mundo, que tinha lugar para 27 mil pessoas e foi construído em 230.   Por causa desses cenários e paisagens Steven Spielberg escolheu a Tunísia como cenários de alguns de seus filmes. Além de Os Caçadores da Arca Perdida, O Retorno de Jedi, A Vida de Brian e as cenas de deserto de O Paciente Inglês, entre outros, foram rodados no país.
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Nos caminhos para Cartago
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A Tunísia é o lado muçulmano light do norte da África
           Este é um dos três países árabes do norte da África mais atraentes turisticamente, junto com o Marrocos, meu predileto, e o Egito, o menos, digamos..., amigável turisticamente. Ainda que o Egito tenha o maior potencial e riqueza histórica, volumosas atrações, é um país que precisa de muito auto-preparo e um bom estado-de-espírito do viajante, além de planejamento: não há como fugir, você será mais usado que corrimão de gafieira, mais explorado e perseguido pelos egípcios do que as tumbas de Tutankamon pelos arqueólogos no século passado. E isso vai acontecendo gradualmente, você vai percebendo aos poucos, progressivamente, que está sendo alvo de toda a sorte de espertezas.
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A Tunísia fica tão perto da Itália...
           Eles já estarão “de olho” em você assim que chegar ao país, seja no aeroporto ou no porto. E não adianta, você não conseguirá ficar um minuto sequer sem que alguém lhe peça uma "baksheesh" (gorjeta) em troca de algum serviço não solicitado ou ainda o mais escandalosamente explorador, desnecessário. Fora a permanente, insistente, irritante tentativa de lhe tentarem venderem algo, que ao fim da jornada lhe terá deixado marcas irritantes. Como um turista você será literalmente “caçado” onde quer que esteja e passe. No começo você aciona seu lado zen e tenta racionalizar: “é a sobrevivência deles, poxa...”, mas eles são tão insistentes quanto astutos, inteligentes e espertos na arte de “tirar-algum-do-turista”, ainda dentro do ônibus do traslado para o hotel pelo seu guia! Isso incomoda e desestimula. Sem dúvidas impressiona muito mal. Mas não vamos falar de Egito!
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Ave. Habib Bourguiba e Igreja católica de São Vicente de Paula; tempos modernos e tempos franceses
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Retratos da vida tunisina...
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           Túnis, a agradável
           A Capital da Tunísia fica entre a Argélia e a Líbia, é um dos mais bem guardados segredos turísticos, altamente recomendável para ser descoberta. É intrigante, atraente e simpática. E o melhor de tudo, tem um povo educado, simpático, hospitaleiro e prestativo, especialmente com brasileiros. Assim como no Marrocos, se disser que é brasileiro....”Aahh, Romário, Kaká, Ronaldinho...”!
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A Medina de Túnis
           É uma cidade que o surpreenderá tanto pela sua modernidade - com grandes centros de convenções, por exemplo, modernos hotéis e ‘ares’ mediterrâneos - que combinam em boa harmonia o vidro espelhado e o barroco, as palmeiras mediterrâneas e as largas avenidas, os cafés europeus e os mercadinhos árabes, os jardins luxuriantes e as mesquitas. Ah, claro, o mar mediterrâneo e suas praias estão logo ali, espalhadas por quilômetros de costa ainda pouco exploradas mas bem supridas de infra-estrutura turística.  E tudo isso tão perto, tão pertinho:  a 130 quilômetros a sudoeste da Sicília e quase encostada em Malta!
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A Medina e o Souk de Túnis
           Há vários serviços de ferries que conectam Túnis à Europa, inclusive com opção de transporte de carro, semelhante ao que liga a Espanha ao Marrocos, sendo o ferry da SNCM que liga a francesa Marselha a Túnis. (www.sncm.fr). A italiana Grandi Navi Veloce (www.gnv.it) opera linha de ferries regular desde Civitavecchia, Palermo e Gênova a Túnis. Todos eles chegam ao mesmo porto de La Goulette, que fica a 12 km do centro da cidade. Do porto é só pegar um taxi oficial (amarelos) e em pouco tempo estará no seu hotel ou na ville nouvelle. Segundo a Wikipédia, o território onde está a Tunísia foi colonizado no ano 1000 a.C. pelos fenícios, povo de origem semita que fundam Cartago, importante centro comercial do mar Mediterrâneo até à destruição pelos romanos em 146 a.C.
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O Narguile é popular entre os jovens e idososos, homens e mulheres. Ah, entre os turistas é um must!
           Passou então a fazer parte do Império Romano. Os árabes conquistaram a região no século VII da Era Cristã e transformaram a cidade de Túnis no mais importante centro religioso islâmico do norte da África. Em 1574, a Tunísia é incorporada ao Império Turco-Otomano e permanece administrada por governadores turcos (beis) até 1881, quando se torna protetorado da França. Na Segunda Guerra Mundial, o país, ocupado pelos alemães, é palco de combates. Com o fim do conflito floresce o movimento nacionalista tunisiano. A história da região sempre foi tumultuada, tendo sido o berço da antiga e poderosa civilização cartaginesa, que dominou a região por mais de 700 anos, até ser conquistada por Roma.
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Caixinhas de machetaria. Tente resistir!
           Deixamos o porto de La Goulette rumo a Túnis, a Capital árabe com suas duas faces, árabe e européia. Atravessando a cidade moderna, construída durante a colonização francesa, com suas típicas avenidas amplas e edifícios públicos e privados imponentes, em estilo clássico e art-nouveau, passamos pela Praça do Governo, a porta de acesso à Medina, a cidade antiga, medieval, que fascina como todas as medinas árabes, quer por sua exclusiva arquitetura, quer por sua atmosfera, seus cheiros, sons, cores e sabores. A cidade moderna, ou Ville Nouvelle , começa no Portão do Mar ( Bab el Bahr ), cortada por aquela grande avenida, Bourguiba, onde os edifícios da era colonial contrastam com estruturas menores e árabes.
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A cidade e a Medina de Túnis
           Para um país tão pequeno – o menor do norte da África – a Tunísia oferece muito turisticamente: das praias mediterrâneas ao Sahara, dos antigos souqs às locações de filmes Star Wars , de ruínas romanas imponentes e grandiosas. Esse país árabe que fala francês e é um dos mais liberais do mundo islâmico, onde as mulheres verstem-se à moda ocidental e o álcool é vendido livremente, fica muito perto da Europa, merece ser visitado por todo o seu território e explorado em todas as suas potencialidades turísticas. A primeira impressão é a de um povo pacífico e simpático, gentil e educado, especialmente com brasileiros (eles também adoram futebol!). A Capital Túnis é um excelente portão de entrada do país, porque reflete a diversidade da nação e contempla o visitante com uma ótima introdução a esse caleidoscópio que é toda a Tunísia.
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No interior da Medina de Túnis
           Túnis pode ser tão vibrante quanto calma. E soube preservar sua própria identidade sem vender a alma ao turismo desenfreado. Nas ruas percebe-se a personalidade: homens mais velhos vestindo jalabas e usando chéchias (aqueles chapéus vermelhos) e um raminho de flores de jasmim atrás da orelha, assistem aos jovens passearem de jeans e óculos D&G e T-shirts Diesel . A cultura é árabe e africana, nÃo há dúvida, mas fortemente infuenciada pelos quilômetros de costa mediterrânea, pelos resquícios da época em que era um protetorado francês, pela proximidade com a Europa, pela globalização e pelo fato fundamental de não ser fundamentalista. O Centro da Cidade é ainda dividido do mesmo jeito que há muitos anos: a antiga medina árabe e a ville nouvelle (cidade nova) criada nos tempos franceses.
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No Souk de Túnis
           Talvez o ponto de partida para aventuras no Saara tunisiano seja a turística ilha de Djerba, a 515 quilômetros ao sul de Túnis. A cidade tem até um aeroporto internacional com vôos diretos para algumas capitais européias e seu ponto alto são seus 126 quilômetros de litoral, com cassinos, campos de golfe e hotéis resort, um cenário perfeito para antes e depois de uma incursão pelo deserto.
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A Medina de Túnis
           Em companhia de um guia entramos na Medina e passamos pela Grande Mesquita, com um imponente minarete que faz lembrar a Mesquita Koutobia, em Marrakech. Assim como todas as estradas levam a Roma, todas as ruas da medina de Túnis levam à Mesquita Zeytouna, fundada em 732. O ponto alto é um passeio pelo souk, experiência fascinante e inesquecível seja lá em que mercado árabe for, mas especialmente marcante no de Túnis. Depois terminamos nossa curta visita a Tunis no povoado de Sidi Bou Said, uma espécie de Santorini árabe, por causa de suas casas brancas e azuis com vista pro mar.
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Os minaretes das mesquitas na Medina e uma loja de perfumistas, tradição tunisiana
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