sábado, 16 de janeiro de 2010

para não dizer que esqueci o meu prato preferido da cozinha arabe

A tradicional receita preparada historicamente pelos nômades jordanianos é repetida para os turistas que visitam o deserto de Wadi Rum, no sul do país do Oriente Médio. Um grande pedaço de carneiro temperado de forma simples, com sal e pimenta, é enterrado e assado sob a terra, em um forno subterrâneo coberto com areia, por cerca de 4 horas, ficando macio e levemente defumado. Enterrado, este forno artesanal consegue manter temperaturas altas e um ambiente abafado de forma única para preparar as comidas, uma técnica milenar uada na região, parecido com o que se faz no barreado paranaense.


O processo de retirada dele é longo. Os beduínos precisam cavar, primeiro com uma pá, depois retirar a proteção que evita que a areia caia na comida: um pano, papel alumínio, e uma tampa de panela. Uma grelha de três camadas é retirada de dentre de um tonel enfiado na areia para formar uma parede. No fundo, ficam algumas das brasas que mantiveram o calor ali dentro.

Na camada mais baixa, fica um arroz, cozido lentamente junto com as carnes. No meio, o carneiro, em único e grande pedaço incluindo pata, pernil e costelas (mas sem a cabeça, como seria uma receita ainda mais tradicional do deserto). Na camada mais alta, pedaços de frango para os visitantes que não gostam de carneiro, e legumes assados e deliciosos: batatas, cebolas e berinjelas.

Os próprios beduínos servem os pratos, que podem ser acompanhados das tradicionais mezzeh e pão árabe. Eles cortam as carnes com uma faca, apóiam com a mão coberta com uma luva de plástico e servem os comensais.

O sabor é completamente diferente de qualquer outra forma de preparo de pedaços inteiros de carneiro. Pelo tempero simples, a carne se impõe sobre o gosto geral, e combina bem de forma simples com a pimenta. O frango também fica bom, se desfazendo de tão macio por passar do tempo no forno, para acompanhar o carneiro.

Este era o prato mais esperado pelo Monstro em sua viagem de duas semanas pela Jordânia. O processo de preparo decepcionou um pouco pelo excesso de ocidentalização dos anfitriões, que não são mais os beduínos que de fato vivem no deserto, mas pessoas contratadas para emular a experiência dita “típica”. Decepção à parte, a simulação é bem feita, e é interessante a forma como o sabor de uma carne tão conhecida pode ser tão surpreendente e diferente do que se espera.

Dentro do clima de ocidentalização, os anfitriões não oferecem, mas permitem que os visitantes levem suas próprias bebidas alcoólicas. Um vinho combina muito bem com a receita tradicional do carneiro.

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